quarta-feira, 8 de maio de 2013

Toda uma Festa de Psicopatas


Primeiro preciso explicar que essa falta de cultura pop no blog se deve à falta de cultura pop na minha própria vida. Tá tudo ou muito erudito (ninguém curtiria um post sobre Almeida Garrett) ou muito esculhambado (ninguém curtiria um post sobre Justin Bieber), então não estou conseguindo me dedicar às coisas verdadeiramente boas, que ficam justamente nesse limiar entre a erudição e a vergonha.

Não sei vocês, mas eu continuo não dando a mínima e vendo mais séries do que deveria. As últimas adicionadas à minha watchlist são, curiosamente, duas produções derivadas do cinema. Mais ainda, são séries focadas em dois dos maiores vilões da história: o esquizofrênico de Psicose e o canibal de O Silêncio dos Inocentes.


Bates Motel é uma coisa divertidíssima. Vocês deveriam. Porque não é aquele tipo de série realista, madura e classuda onde nada acontece, que tem se tornado uma praga na televisão americana. Não. Bates Motel é quase brega. Cheia das frases de efeito, cenas um pouco absurdas e exageros aqui e ali. Então, por que diabos? Uai... Porque tem Norman Bates com 16 anos. E esse menino, Freddie Highmore (de Em Busca da Terra do Nunca, O Som do Coração, A Fantástica Fábrica de Tim Burton, etc), é bastante competente. Ele cria um personagem bonzinho e afetado por quem a gente consegue torcer desde o primeiro episódio. Fica muito difícil lembrar que é o mesmo Norman que, alguns anos mais tarde, estará esfaqueando toda a clientela do hotel no chuveiro. Até que de repente não fica mais tão difícil assim lembrar e as coisas se tornam bem mais interessantes.

Mas apesar do 9nho mandar bem, quem rouba a cena é dona Vera Farmiga (a mãe psicopata e, consequentemente, responsável pela doença do filho), que tá naquela idade (da loba?) maravilhosa e carrega as melhores cenas da série nas costas. Não sei se Bates Motel tem chances de ganhar algum prêmio (porque me parece que os prêmios de TV se acham muito descolados, quando, na verdade, estão cada vez mais parecidos com os Oscars), mas se rolar algum, não tenho dúvidas de que será pra ela. Além desse elenco lindo, Bates Motel ainda conta com uma das coisas mais importantes pra mim numa série de TV: não tem medo de andar com a história. As coisas realmente acontecem (alô Game of Thrones). Cada episódio avança quilômetros no enredo: resolve conflitos, introduz novos, mata gente, revela segredos e parece que, mesmo assim, continua sabendo exatamente aonde quer chegar.


Hannibal vocês podem assistir sem medo da cafonice. Muito pelo contrário, tenham medo de morrer de estética. É tão violento e poético que a gente acaba perdendo o fôlego diversas vezes por episódio. Porque tá tudo lindo e realista quando, de repente, um alce gigantesco atravessa o corredor do hospital. Ou cogumelos são encontrados brotando em cadáveres. Pra quem curte séries com o visual deslumbrante, essa é, sem dúvidas um prato cheio (pra quem curte carne humana também, sic).

O Dr. Lecter é interpretado por um ator dinamarquês chamado Mads Mikkelsen (nossa, que cara bom!), que ganhou o prêmio do Festival de Cannes do ano passado e, com isso, tornou-se apto a ocupar o lugar que já foi de Anthony Hopkins. E ele realmente não faz feio. Ainda não conseguiu me assustar (só assisti três, dos seis episódios disponíveis), mas já mostrou que quando o susto vier, vai ser bem grande. Só que Hannibal Lecter nem é o protagonista da série. A Clarice da vez é Will Grahan (Hugh Dancy), um investigador talentoso que adota cãezinhos indefesos e usa uma técnica de dedução quase sobrenatural. O problema é que ele tem o psicológico um pouco fraco (além de um leve sabor agridoce, quando refogado na temperatura correta).

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Um Último Pedido Antes da Gente Dormir

Esperei que minha tristeza crescesse até chegar nesse nível que praticamente me obriga a escrever. Depois disso também não dá, porque tristeza demais paralisa.

Faz umas semanas que tenho pensado em você mais do que eu gostaria. Acho que por ter te perdido em uma esquina qualquer ou por não saber mais que horas você acorda, como passa suas tardes, com quem fala ao telefone antes de dormir, quais músicas escuta, quais detesta, quais livros tem lido, o que achou da última temporada de Homeland... E fico me sentindo um pouco egoísta por querer fazer parte da sua vida a essa altura do campeonato. E por perceber que não, eu já não faço.

Sei que não tenho o direito de te pedir mais nada, mas vou pedir mesmo assim. Vou pedir desculpas. E publicamente, porque acho mais corajoso e romântico. Desculpa. Pela bagunça, pela demora e pela falta de coragem. Desculpa por não saber lidar com as palavras a ponto de te machucar com elas (nunca vou saber se estas também te machucarão; espero sinceramente que não, que elas desçam com facilidade e façam uma cosquinha simpática no seu coração antes de desaparecerem; que não te atormentem). Desculpa por ter perdido tanto tempo tentando me explicar e me defender e por nunca ter aceitado meus erros quando, no fundo, tudo o que eu sempre pensava era: nossa, como ela está certa! Reconhecer isso agora é de uma canalhice absurda. Mas acho que continuar negando é ainda mais canalha.

Acho que era isso. Eu precisava pedir essas desculpas pra ver se me livrava dos seus olhos, que, juro, têm me perseguido. Os mesmos olhos de antes, com a mesma doçura e o mesmo peso, só que mais tristes. Vê se tira a tristeza de dentro deles. Mesmo que, pra isso, você nunca mais coloque esses olhos em mim.