Lendo esse texto da Renata Miwa sobre dedicação, comecei a pensar que a tendência é mesmo que ela desapareça. Se a gente entender dedicação como o cuidado, carinho e esforço para a realização de uma tarefa, fica mais fácil perceber como, cada vez mais, as coisas têm sido feitas nas coxas. Ninguém mais tem tempo pra se dedicar a nada. Se dedicar a um projeto só, a um conhecimento só, a um romance só... Isso é perca de tempo. É comodismo. E a era do multitasking, que pretendia multiplicar o tempo, aumentando a abrangência, só consegue dividir os resultados, diminuindo a qualidade.
Obsessão é a nova dedicação. Muito em breve as pessoas só vão conseguir se dedicar a algum projeto quando estiverem obcecadas por ele. A obsessão nada mais é que uma dedicação natural, imperativa e impossível de conter. Você já deve ter conhecido um desses sujeitos que passam dias enfurnados num quarto, lendo, pesquisando e estudando o mesmo assunto; sujos, sedentos e famintos. Eles não fazem isso porque querem bons resultados. Fazem porque não conseguem não fazer.
Acho que esse fenômeno acontece porque nunca houve uma geração menos disposta. A nossa geração perdeu a capacidade de fazer o que não gosta. E isso é bom, porque expulsa o fantasma da frustração profissional da vida de centenas de adultos, mas é ruim, porque acaba criando uma geração de meninos mimados, que não consegue exercer qualquer atividade desagradável por um período mínimo.
O problema desse tipo de pensamento é que desistir acaba se tornando uma opção quase automática. Acho que desistir não era uma opção na época da minha mãe. Não consigo imaginar minha avó fazendo a matrícula da filha no inglês e ouvindo, na segunda semana de aula, que tá muito chato e, por isso, seria melhor matricular no francês. E depois no alemão. Não existia isso. E hoje existe demais. A cada dia desisto de pelo menos três coisas, sendo que duas delas eu nem chego a começar.
Um comentário:
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