terça-feira, 28 de junho de 2011

Balde de Água Potável

Certo dia meu pai apareceu lá em casa com um aquário. Um desses aquários grandões, quadrados, com peixes variados e pedras e algas de enfeite. Desde então só temos dado manutenção, com um punhado de comida por dia, já que não rola a necessidade de um carinho ou de levar o peixe pra passear. Sim, peixe é o bicho de estimação mais chato ever, perdendo apenas pros passarinhos (que, além de não fazer nada, ainda fazem barulho). Semana passada meus pais viajaram e eu fiquei responsável pela casa e pelos animais da casa: o Buddie, os peixes e as formigas (que, de tanto tempo que frequentam a cozinha, acabaram ganhando nome e apelido). O Buddie e as formigas ficaram bem, mas os peixes...

O aquário está nojento há dias e ninguém tem coragem de lavar. O que tem no vidro já não pode ser chamado de lodo, é algo mais próximo de uma floresta amazônica. E ontem fui colocar comida e achei dois peixes mortos, boiando. Um deles estava pela metade, o que foi assustador (já que a outra metade continua desaparecida). Decidido a salvar a vida dos outros animais, enchi um balde de água, coloquei umas pedrinhas no fundo pra eles não estranharem e fiz a transferência. Eles devem estar aliviados, pensei eu, vendo a água limpa do balde em comparação à imundície do aquário. E fui dormir feliz.

Hoje, quando acordei, todos os peixes estavam mortos. TODOS.

Sabe? É típico. Porque eu faço isso o tempo todo nos meus relacionamentos. Estou vendo a pessoa sofrer, atolada em uma sujeira impossível de se limpar, e acho que ela ficaria bem melhor em um balde com água limpa. Pego a pessoa, mudo ela de casa, tiro dela suas pedras, suas algas e seu lodo, tudo com a intenção de ajudar, é claro, de salvá-la dessa podridão, e no dia seguinte, quando acordo, cadê meu peixe? Está morto, flutuando numa água potável.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

20%


Tenho uma teoria em relação à capacidade das pessoas de mudar sua personalidade. E ela é a seguinte: com um esforço anormal e durante um longo período de tempo, você consegue uma mudança de 20%. Fora isso, você não muda, e está fadado a repetir os mesmos erros e sofrer por eles e decidir mudar e não conseguir em um loop infinito.

Acredito na máxima de que, até os 11 anos você está formando o seu caráter e que depois disso não adianta mais nadar contra a correnteza. Você pode até avançar alguns metros em direção à terra seca, mas logo seus braços ficarão cansados, suas pernas deixarão de bater e você será arrastado rumo ao seu oceano de origem.

Parece o contrário, mas eu realmente não gosto de fazer posts como este, meio autoajuda e meio autopiedade. É uma das centenas de coisas que preciso mudar e não consigo. Porque eu vejo essas pessoas brilhantes, apaixonadas pelas suas funções, e seguras do que querem da vida, e me estraçalho de inveja. Penso que, pra elas, é muito mais fácil levantar da cama. Elas tem um objetivo. E eu só tenho reclamações...

As pessoas têm percebido, e vêm falar comigo, que só reclamo no Twitter. Mas o que elas não sabem é que só tenho Twitter até hoje por dois motivos: 1) Rir e 2) Reclamar. E é uma ferramenta que permite esse tipo de coisa. O que eu não quero é nego vir me falar daqui a pouco que só reclamo no blog também. Porque aí já fica chato, sabe? Fica parecendo que nada mais no mundo me dá prazer, o que não é verdade.

O que eu quero dizer é que estou disposto a fazer esse esforço anormal pra conseguir meus 20% de mudança. Eu realmente estou. Mas, por favor, não esperem mais que isso.

Ou procurem outro Twitter, outro blog, outro amigo...

terça-feira, 21 de junho de 2011

Roberta Campos


Conheci a voz de Roberta Campos enquanto olhava os LPs da Livraria Cultura (porque voltou à moda esse negócio de disco de vinil) e encontrei Varrendo a Lua, seu último álbum. A capa, com o desenho de uma menina com os olhos esbugalhados, me chamou a atenção e fui experimentar o som em um daqueles fones de ouvido públicos. Fiquei encantado. E fiz o que seria natural: comprei o disco anotei o nome pra baixar em casa.

Mais tarde vim descobrir que a menina era mineira, apesar de morar em São Paulo, e bebe na mesma fonte de gente como Beto Guedes e Lô Borges (toda uma vibe Coração de Estudante, aquela novela das seis com a Helena Ranaldi). Ou seja: amor. Mostrei o CD pra namorada, que também adorou, e cada um seguiu seu rumo. Mas parece que De Janeiro à Janeiro, a música que a Roberta Campos gravou com Nando Reis, começou a fazer sucesso - por causa do Nando Reis, é claro - e essa menina veio pintar aqui em Brasília pra fazer um show no fim de semana do dia dos namorados.

Tomei um susto porque, pelas fotos que eu tinha visto, ela parecia mais nova que a Mallu Magalhães e no show tava toda produzida, com os cabelos ao vento, maquiagem, etc. O som não estava muito bom (achei o microfone baixo e a bateria muito alta pro tamanho do teatro), mas a simpatia da moça e seus olhos azuis foram suficientes pra fazer a noite valer a pena. Ela cantou quase todas as músicas do álbum Varrendo a Lua, uma composição do primeiro CD (que ninguém conhecia e foi um pouco constrangedor), uma do Renato Russo e uma da Marisa Monte.

Fiz um vídeo dela interpretando Quem Sabe Isso Quer Dizer Amor, do muso mineiro Milton Nascimento. Vê se você curte...

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Férias


Fiz vestibular no fim de semana passado e fui tão mal que, depois de conferir o gabarito, passei umas duas horas no chão do meu quarto, rolando nas lágrimas e pensando em como vou sobreviver, já que não tenho dinheiro e tudo o que eu sei fazer, outras pessoas fazem muito melhor que eu. Mas isso durou só uma noite. No dia seguinte acordei recuperado, decidido a fazer cursinho por mais um semestre, e fui pro Festival Varilux de Cinema Francês que esse ano tá no Liberty Mall (um dos piores cinemas de Brasília).

Foi quando me dei conta de que estou de férias (todos comemora!). Não posso descrever o quanto tem sido maravilhoso acordar às onze da manhã, encher uma tigela de Nescau Cereal e ficar colocando minhas séries em dia. Ainda saio à tarde pra dar aula, mas à noite estou de volta e com tempo pra fazer pipoca, ver um filme ou ler algum livro de qualidade duvidosa.

Sobre as séries, finalmente terminei a primeira temporada de Modern Family (que, depois de Friends, é a única comédia capaz de me fazer gargalhar). Já não sei quem eu amo mais: o Cameron ainda tem as melhores cenas, com todos aqueles quilos de drama, mas o Phil consegue não fazer nada e ser sensacional. Porque ele entra numas situações tão estúpidas que a gente acaba se identificando. Eu, pelo menos, reconhecendo meu grau de babaquice, me identifico demais!

E hoje vi o piloto de The Killing. Achei tudo muito bem produzido, o que era de se esperar de uma série da AMC, mas ainda não tenho uma opinião formada sobre a história. Tudo gira em torno do assassinato de uma menina de 17 anos, então estou fugindo loucamente de spoilers, embora acredite que a série tenha muitos outros trunfos além do "Quem matou Rosie Larsen?". Até agora, estou desconfiadíssimo da mãe da menina (Michelle Forbes), mas acho que é porque ela era a vilã de True Blood na segunda temporada e eu acabei ligando a imagem dela a um demônio.

Fora isso, fui à pré-estreia de Meia-Noite em Paris, filme novo do Woody Allen, e escrevi minha opinião no Motim. Fiquem à vontade pra ler, comentar e compartilhar.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Eu, Robô

Há menos de uma semana pro vestibular e eu me pego com a garganta inflamada, nariz entupido, dores no corpo, coluna arrebentada, olheiras profundas, cabeça dolorida, vista cansada e febre. Fica parecendo que passei por algum tipo de tortura nos últimos quatro meses, quando tudo o que fiz foi sentar, ler, pensar, escrever e levantar. E o pior. Acho que não estudei o suficiente. Porque a gente NUNCA vai ter estudado o suficiente.

No começo do semestre, quando montei meus horários, achei que seria tranquilo estudar 10 horas por dia, dar aula particular, depender de transporte público, ser um bom namorado, ver um filme por semana, escrever em dois blogs, frequentar a igreja, cantar em coral, tocar violão... E no começo até foi. Mas dois meses depois, o seu corpo começa a gritar. E de repente você está indo pro banheiro jogar água na cara e se estapear pra ver se fica acordado até o fim da aula.

Quando faço esse tipo de programação, não sei se gosto de me iludir ou se realmente acredito que vou dar conta de tudo. A culpa é desse personagem ultra-eficiente que criei aos nove anos de idade e tomei como verdade absoluta. Um menino que consegue fazer o dia render, não aperta o botão de soneca do despertador, não cede a impulsos destrutivos e não procrastina tarefas desagradáveis. Acabei me programando como se fosse esse menino, mas vivendo como se fosse eu mesmo, ou seja, um caos.

É chato porque isso desestimula até o mais preparado dos candidatos. Você vê seus horários de estudo cheios de furos, suas apostilas em branco, seus cadernos incompletos... E acaba aceitando a triste verdade de que, mais uma vez, foi por pouco.