sábado, 24 de dezembro de 2011

Throw Cares Away

Eu tinha preparado várias listas pro final de ano: além dos melhores filmes, escolheria também os melhores discos, livros e séries de 2011, mas minha procrastinação crônica não permitiu. E agora é tarde, porque todo mundo sabe que ninguém lê blog nas férias (apenas os losers mais tradicionais). Paciência. Não procrastinar é uma das minhas metas pra 2012 (assim como foi pra 2009, 2010 e 2011).

As outras eu vou listar aqui, apenas pra vocês serem testemunhas do meu fracasso:
- dormir mais;
- comer melhor;
- fazer algum tipo de exercício físico;
- perder menos tempo em redes sociais;
- ler mais coisas de papel;
- orar mais;
- aprender a tocar violão direito;
- escrever meu romance *BANG*

E acho bom parar por aí, pra evitar maiores frustrações.

Vou passar o natal aqui no apartamento da minha avó, em Niterói, onde vamos fazer uma comemoração bem pobre minimalista, mas com direito a tender, filme natalino e troca de presentes (que é o que importa, deixemos de hipocrisia).

Feliz natal pra todos vocês! E que 2012 seja um ano repleto de filmes bons, músicas viciantes e livros que mudam a vida da gente.

Deixo vocês com Carol of the Bells (que está na trilha de Batman - O Retorno).

Hark how the bells
Sweet silver bells
All seem to say
Throw cares away

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Os Melhores Filmes de 2011

Acho que 2011 foi o ano em que eu mais fui ao cinema, mas, pra minha tristeza, também foi um dos mais fracos da indústria. Com muito esforço, fiz minha lista dos 10 filmes que mais me cativaram, provocaram ou fizeram pensar ao longo desses 12 meses. Todos foram lançados no Brasil entre janeiro e dezembro de 2011. Se você deixou algum desses passar, só digo uma coisa: tremendo vacilão.



Foi a maior surpresa do ano. Comédia romântica com Steve Carrel, Julianne Moore , Ryan Gosling e Emma Stone. Todo mundo super à vontade, com um roteiro inteligentíssimo, nada previsível e muito elegante.



Três crianças cresceram juntas em um internato que prepara doadores de órgãos para serem sacrificados quando a idade certa chegar. É um filme sobre amor, fadado ao sofrimento. Tem uma das fotografias mais lindas que já vi, direção de Mark Romanek e atuação de Andrew Garfield, Keira Knightley e a maravilhosa Carey Mulligan.



Esse ano a Pixar ficou devendo uma obra-prima (porque, convenhamos, Carros 2 não é), mas o espaço que ficou em branco foi gloriosamente preenchido por Rango. Um western ousado, com personagens cativantes e sequências muito bem elaboradas. Te cuida, John Lasseter!



Pânico 4 é tão atrevido que, já na sequência inicial, assume o ridículo e brinca com a própria fórmula. É a fita de terror da nossa geração. Dessa vez com ainda mais mortes, ligações anônimas e referências, pros amantes do gênero.



Cheio de diálogos dolorosos, Namorados para Sempre (pior tradução de título, inclusive) é o tipo de filme que não desce muito fácil. Mostra a relação de Cindy e Dean em dois tempos, no começo do namoro e alguns anos depois de casados, e todas as transformações que vieram desse intervalo.



Almodóvar nos presenteou esse ano com um filme corajoso, estranho e bem próximo do bizarro. Com sua trama repleta de labirintos e flashbacks, A Pele que Habito coloca em cheque uma das maiores seguranças do ser humano: seu próprio gênero.

4. Os 3


Três amigos inseparáveis criam um reality show e decidem colocá-lo em prática usando suas próprias vidas. Pra evitar que o projeto seja um fracasso, eles começam a forjar um triângulo amoroso, mas, com o tempo, a linha entre ficção e realidade se torna cada vez mais tênue.



O novo filme de Lars Von Trier retrata a depressão como nenhum outro conseguiu até hoje e, pra isso, usa uma grande metáfora. Melancolia é o nome de um planeta que está se aproximando e, mais cedo ou mais tarde, irá se chocar com a Terra. Kirsten Dunst faz a melhor atuação da sua vida e é uma pena que não esteja entre as favoritas pro Oscar 2012.



Saiu aqui no Brasil no comecinho do ano e tudo que havia pra ser dito sobre ele, já foi. É uma história sobre  transformação, entrega e disciplina. Tem Natalie Portman num trabalho visceral e Mila Kunis fazendo o que sabe fazer de melhor (ser gata).



Meia-Noite em Paris é romântico, leve e delicioso. Sem a prisão da verossimilhança, Woody Allen realiza seus sonhos e coloca ícones da literatura norte-americana contracenando com um escritor frustrado do século XXI. Tudo parece uma grande brincadeira e por isso mesmo, faz a gente sair do cinema com um sorriso no rosto e uma vontade sobre-humana de tomar banho de chuva.

PS: Minha prima acaba de me lembrar nos comentários que esqueci de Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2. E realmente, não sei como deixei passar. Foi um filmaço, eu vibrei demais e com certeza ele teria um lugar entre os 10 melhores do ano. Mas sei lá... Acho que meu subconsciente coloca Harry Potter num lugar diferente dos filmes normais. Não é só cinema. É um fenômeno.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Mixtape - Por um Natal Sem Uva-Passa

É com muito orgulho, luzinhas, farofa e chester que venho apresentar minha primeira mixtape. Pra quem não tá informado, mixtapes são compilações de músicas de diferentes artistas, épocas ou nacionalidades, agrupadas de acordo com um tema específico. E o tema da vez é natal. TODOS CHORA DE FELICIDADE! Natal e música só não têm mais a ver que natal e comida. E como tá todo mundo de saco cheio do CD da Simone, achei por bem oferecer umas opções diferentes pra alegrar sua ceia.

Ao todo são 14 faixas, que vão de Lady Gaga a Frank Sinatra (o rei das canções natalinas). Tem Jason Mraz, Destiny's Child, The Carpenters, Elvis Presley, Coldplay, Marisa Monte e até Novos Baianos. Confesso que coloquei The Fevers só de sacanagem, mas tá valendo, porque natal é descontração, sapequice e molecagem.

Não tem erro, gente... Baixa a mixtape, coloca no iPod (ela já vem organizadinha pro iTunes), liga numa caixa de som e deixa rolando na noite do dia 24.


terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Santa Tainá, Padroeira dos Esquecidos

Nesse fim de semana teve o vestibular da UnB, que é de uma fase só, mas com dois dias de prova: sábado e domingo. O primeiro dia é sempre mais tranquilo pra mim. Adoro os temas da prova de humanas, consigo curtir os textos e quase sempre faço redações razoáveis. O bicho pega mesmo no domingo, dia dos números. Nesse domingo, em particular, o bicho pegou de tal forma que fica até difícil descrever. Mas vou tentar.

Eu já estava atrasado (não sei por que, mas SEMPRE ESTOU ATRASADO) quando cheguei ao local de prova. O que foi até bom, porque não tem nada pior que chegar pro vestibular e ser obrigado a ficar 30 minutos em pé, no sol, conversando com gente que estava na sexta série quando você se formou. Como bom portador de TOC, eu carregava comigo minha carteira, uma garrafinha d'água, duas canetas, pro caso de uma falhar, um biscoito, guarda-chuva, chocolate, aspirina, pé de coelho, trevo de quatro folhas, etc. Sempre tive pânico das coisas darem errado (e elas sempre dão, vai vendo...).

Encontrei minha sala, que era a mesma do primeiro dia, e fui tirar minha identificação pra mostrar pro fiscal. Eis que ela não estava lá! BANG! Comecei a procurar em todos os bolsos e repartições da carteira freneticamente e nada... E gente, eu não tinha outra solução. Estava tudo perdido! Bateu o desespero e cheguei pro fiscal: "Moço, perdi minha carteira de motorista aqui ontem, quando vim fazer a prova. [Mentira. Eu não fazia a menor ideia de onde tinha perdido] Mas trouxe todos os meus outros documentos pra mostrar... [Eu, tirando da carteira tudo o que era papel insignificante, cartão de banco, carteirinha de estudante, ingresso de cinema, e jogando na mesa do fiscal. Ele chocado com meu desespero]. "Mas cê não trouxe uma carteira de trabalho ou passaporte?". "Não... Só meu cartão da Blockbuster mesmo, serve?".

Não serviu.

Dois outros fiscais que estavam no corredor me levaram pra sala da coordenação. Eu já naquelas de querer chorar. Lembrando que faltavam SEGUNDOS pro portão fechar. Cheguei lá e expliquei tudo pro chefão. E ele disse que não podia fazer nada. "Mas moço, eu fiz a prova ontem. O senhor não lembra de mim?". Hahahaha. 500 estudantes, Gabriel. Você é sensacional! E o coordenador só na cara de misericórdia. Nessa hora eu já tinha perdido todo e qualquer traço de dignidade: "Por favor, me deixa fazer a prova! Por favor...". E ele apenas balançando a cabeça e dizendo: "Desculpa, mas essas coisas acontecem...".

Saí da sala da coordenação desconsolado. Já estava pensando na melhor forma de contar pra minha mãe que eu tinha perdido a prova, quando a fiscal que me acompanhava, também conhecida como Fiscal Mais Gente Boa do Mundo, vira e diz bem baixinho: "Liga pra alguém da sua casa, mandar trazer um documento, dá o meu número e pede pra me ligar quando estiver chegando. Eu coloco você pra dentro e você vai fazendo a prova enquanto isso". Gente! Tive vontade de pedir a fiscal em casamento. Liguei pra minha irmã que não entendeu nada, dei o número da Tainá, a fiscal, e falei pra vir o mais rápido possível. Tainá chegou no meu chefe de sala e, com toda a segurança do mundo, ordenou: "Pode entregar a prova pra ele, que estão trazendo o documento". "Você falou com o coordenador?". "Falei". Entrei com as pernas bambas, recebi a prova e comecei a fazer. 20 minutos depois minha identidade chegou.

A prova estava impossível! Despencou logaritmo, função, botânica, nitrato de amônia e mais um monte de coisa que não é humano saber. Mas eu até tenho esperanças de passar. Sei lá... Acho que nada pode ser mais difícil que encontrar uma fiscal disposta a burlar as regras do vestibular pra ajudar um estranho que esqueceu a identidade.

Mais tarde mandei um SMS.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

O Mantra dos Bons Alunos

Minha mãe sempre ensinou que primeiro vem o dever, depois a diversão. É um princípio básico, que vence a procrastinação e coloca prioridade na vida. Inclusive, acredito que essa é a única diferença entre os bons e maus alunos. Os bons fazem a tarefa escolar antes de sair pra brincar na rua. Os maus querem a diversão primeiro e, com isso, vão deixando o dever de lado.

Hoje passei algumas horas tentando descobrir quando foi que passei de bom para mau aluno. Porque eu tenho certeza que aos 12 anos de idade eu era algo como "o melhor da turma". Posição que ocupei com vigor até, sei lá, o segundo ano do Ensino Médio. Eu lembro perfeitamente bem que minha rotina era toda construída com o estudo como prioridade. Eu almoçava, descansava por alguns minutos e ia fazer os deveres de casa. Com prazer. Depois, é claro que eu me jogava no Vale a Pena Ver de Novo ou na coleção de filmes do meu pai, mas com a consciência tranquila, por saber que todas as minhas obrigações estavam em dia.

E gente, como isso está claro pra mim agora. Essa é a fórmula da felicidade! O único jeito de estar em paz é estando em dia com as suas obrigações; o que tem sido impossível de uns tempos pra cá. Há anos que não sei o que é passar 15 minutos com a mente tranquila, sem um item da minha checklist piscando a cada segundo. Como ensinou Renato Russo, disciplina é liberdade.

Então, acho que foi mesmo no terceiro ano que o bolo começou a desandar, que comecei a perder minha liberdade. Percebi que eu poderia tirar boas  notas sem fazer as tarefas escolares. Ou que meus trabalhos não ficariam piores se fossem feitos na véspera. E esse pensamento cagou com tudo.

Hoje em dia sou um péssimo aluno. A diversão tem vindo sempre em primeiro lugar. Adotei um estilo de vida hedonístico, que não tô conseguindo manter, e as chances de me ferrar são grandes. Hoje tudo o que eu quero é voltar a fazer o dever de casa antes de sair pra brincar.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Top 5 - Woody Allen


Hoje o diretor mais querido do cinema está completando 76 anos e como homenagem resolvi fazer um Top 5 dos filmes dele que mais mexeram comigo. Foi muito difícil escolher a posição de cada um e deixar de fora umas coisas maravilhosas tipo Hannah e Suas Irmãs e o recente Meia-Noite em Paris.  É claro que pelo menos 80% dos filmes do Woody Allen são geniais (os outros 20% são apenas bons), mas posso dizer que esses cinco, de uma forma ou de outra, tornaram os meus dias mais bonitos.

5. Manhattan


"Por que vale a pena viver a vida?"

Visualmente, é o filme mais bonito do Woody Allen. A fotografia em preto e branco e a trilha sonora repleta de jazz fazem uma homenagem ao que foi por muito tempo a marca registrada de seu cinema: Nova York. Além disso, tem participação de Meryl Streep, o romance de um homem mais velho com uma adolescente e uma deliciosa lista de coisas que fazem a vida valer a pena.

4. Noivo Neurótico, Noiva Nervosa


"Eu nunca faria parte de um clube que me aceitasse como sócio"

O filme que deu o Oscar para Woody Allen é talvez, um dos melhores do mundo sobre relacionamento. Nada é mais sincero que o amor de Annie Hall e Alvy Singer e fica impossível não se reconhecer nas DRs ou sessões de terapia do casal.

3. Interiores


"Acho que você é realmente muito perfeita pra viver nesse mundo"

Com muitos diálogos, planos longos e nenhuma trilha sonora, Interiores é um drama familiar dos mais perturbadores. Talvez o filme mais diferente da carreira de Woody Allen. Conta a história de três irmãs às voltas com sua mãe, portadora de Transtorno Obsessivo Compulsivo, que não consegue aceitar a separação do marido.

2. Vicky Cristina Barcelona


"Eu só tenho que encarar o fato de que não sou talentosa, sabe? Eu consigo apreciar a arte e adoro música, mas... É triste, realmente, porque eu sinto que tenho muito a expressar e não tenho talento"

O filme que mais me inspira a criar. Ver Penélope Cruz, alucinada, jogando as tintas no quadro me ensinou muito sobre o que é arte. Já em relação ao amor, tenho impressão de que sou bem parecido com a Cristina. Não sei o que eu quero, mas estou irremediavelmente certo sobre o que eu não quero. E por enquanto, isso basta.

1. Match Point


"Há momentos numa partida em que a bola bate no topo da rede e, por uma fração de segundo, ela pode cair para frente ou para trás. Com um pouco de sorte, ela cai para frente, e você ganha. Ou talvez não, e você perde"

A grande tragédia de Woody Allen. Pra mim, Match Point é um carro sem freio em direção ao precipício. Você está vendo o fim do caminho, mas não pode fazer nada para impedir o desastre. Scarlett Johansson nunca esteve tão linda e a sorte nunca foi tão importante.