terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Febre Vintage



Desde que a câmera digital se popularizou, assistimos ao crescimento assombroso do número de aspirantes a fotógrafos. O custo da fotografia diminuiu razoavelmente e hoje um simples celular com câmera pode dar resultados dignos. Mas num mundo dominado por Cyber-shots a graça é ter uma Polaroid, daquelas que a gente precisa balançar pra imagem aparecer no filme.

Foi pensando nisso que dois caras muito espertos (fiquei com preguiça de pesquisar o nome deles no Google) criaram o Hipstamatic e o Instagram, aplicativos pra iPhone ou iPod Touch que transformam suas fotos de celular em charmosos retratos antigos.


O Hipstamatic oferece diferentes tipos de lentes, flashes e filmes que se combinam na hora de captar a imagem (veja o vídeo). O resultado é bem fiel às antigas analógicas. O Flickr tem um grupo formado só por usuários desse aplicativo; dá pra ter uma ideia geral de como as fotos podem ser interessantes.


Já o Instagram vem com filtros mais simples, mas tem a vantagem de ser uma rede social (altamente viciante). A ideia é reproduzir a sensação de usar uma Polaroid. Você tira a foto, aplica o filtro da sua preferência e divulga pros seus seguidores, que podem curtir ou comentar. O bacana é fugir do óbvio e usar a criatividade pra resgatar as emoções que nossas frias digitais já não podem transmitir.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Coisas da Idade

Saíra mais cedo da festa por não considerar nenhuma daquelas pessoas merecedoras da sua presença. E essa dificuldade em encontrar as chaves? E abrir a porta sem acordar os pais? E essa vergonha de não ter resistido aos papos vazios, às músicas altas, e ter finalmente se assumido indiferente? Era até gostoso pensar que aquilo realmente não lhe atraía. Mas preocupante. Algum dia seria ele capaz de se empolgar? Por que se sentia tão importante a ponto de nada lhe pagar os olhos marejados ou o espanto? Espanto. Não sabia ao certo há quanto tempo não se espantava.

Na cabeceira, três livros jogados. Os três ainda por ler. Ele até poderia começar um deles, mas se conhecia bem a ponto de saber que em menos de duas páginas já estaria tombado, com a baba no canto da boca e o pescoço torto. Como se detestava nessas noites, quando criava desculpas pra explicar sua preguiça. E vejam bem, estava prestes a completar 26 anos.

Ainda morando com os pais, ainda adiando a leitura de livros, ainda se achando importante demais pra vida. Mas era fácil pensar, aos 18, que as coisas estavam apenas começando. Que ainda seria dono de ideias brilhantes e produziria qualquer coisa torta ou reta digna de obra de arte. Que emocionaria as pessoas. Que seria lembrado. Que diriam dele: oh, que disciplina! Oh, que perfeccionismo! Oh, que talento! Talento... Coisa que a gente finge que tem pra não morrer de desgosto.

No espelho, já não parecia adorável. Já não tinha cabelos lisos, nem dentes livres de obturações. Precisava de óculos. Mais que qualquer outra coisa... Precisava de óculos. E nem era miopia, era vista cansada. E também tinha a boca e os dedos cansados. Talvez estivesse um pouco embriagado e por isso seu reflexo parecia tão envelhecido. Mas logo apalpou o próprio braço e viu que o reflexo não fazia nada além de refletir. Estava flácido. Encontrou até umas manchas na pele. Já cheirava a guardado.

Começou a chorar, porque seria difícil demais conviver com o apodrecimento do próprio corpo. E o sentimento que lhe invadia era de arrependimento. Poderia ter aproveitado muito mais sua juventude. Aquele era o tempo de usar bermudas floridas e camisetas regatas. Aquele era o tempo de simular calor e tirar a blusa perto das garotas. Aquele era o tempo de ir à praia. Mas ele preferiu se isolar. Nas férias, preferia ler a brincar com os primos. Idiotas, amanhã eles vão estar pobres. Mas na verdade, o idiota era ele. Não adiantava adiar as coisas boas da vida, esperando um futuro de plena entrega ao prazer. Ou a pessoa nasce pra ser feliz hoje, ou não.

Agora estava claro que ele não tinha muito tempo pela frente. Que todas as pessoas de sucesso começaram cedo. E se ele, aos 26 anos, ainda não tinha nada, talvez fosse a hora certa de se dar por vencido. Antes que tudo fique ainda mais constrangedor. Antes que sua família descubra o disfarce. Que ele não é tão inteligente assim, nem tão criativo.

Mais uma vez o espelho lhe devolvia a imagem de um homem acabado. Tinha olheiras profundas. No lugar dos olhos, dois sofrimentos escuros. Passou a mão pelos cabelos e percebeu que estava ficando careca. E se imaginou perdendo preciosos minutos, organizando o cabelo de modo a disfarçar a calvície. Quando o vento batesse, seria ridículo. Não se sujeitaria.

Começou a arrancar os fios que lhe restavam com a própria mão. Em pouco tempo o chão do quarto era um mar de cabelos castanhos. Não é pra ficar careca? Pois fiquemos! Perdeu as forças. E se deixou cair, calvo, enrugado, envelhecido... O pouco de sangue que escorria do couro cabeludo agora se misturava às lágrimas.

Buscou na cozinha uma lata de cerveja e um copo grande, onde despejou todos os comprimidos pra dormir que ainda guardava na gaveta e infinitas gotas de antitérmico. Tapou o nariz pra resistir ao vômito, mas teve que mastigar, porque começou a se sentir entalado. Bebeu a cerveja por cima e esperou a dor do desconhecido.

No dia seguinte, durante o velório, comentavam:

— É uma pena. Um garoto tão jovem...

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

New Jazz Soul Black

Não sei se elas cantam jazz, soul, R&B ou black music. Só sei que sempre imaginei um quarteto assim: Duffy na primeira voz, Corinne Bailey Rae nos contraltos, Dionne Bromfield nos tenores e Amy Winehouse nos baixos. Como já falei da Amy aqui e sei que todo mundo já ama, etc, reservei este post pra apresentar os últimos discos das outras três.


Dionne Bromfield - Introducing Dionne Bromfield
Ela tem 15 anos e poderia ser mais uma cantora teen que concorre ao prêmio Nickelondeon e faz playback nos shows. Mas ela é afilhada da Amy Winehouse (e aqui permita-me abrir um belo de um parênteses, porque, né? Que mãe em sã consciência escolhe alguém como a Amy pra ser respónsável por sua filha se algum dia ela ficar órfã?).  E parece que a madrinha tem encaminhado muito bem a carreira musical de Dionne. Já no seu primeiro álbum a garota emplacou clássicos como He's So Fine e Ain't no Mountain High Enough.


Corinne Bailey Rae - The Sea
Corinne explodiu por aqui depois que Put Your Records On entrou na trilha de Páginas da Vida (novela do Maneco de 2006). Nesse ano ela lançou seu segundo disco, o íntimo e sofisticado The Sea, deixou de lado a pegada pop e carregou nos vocais. E que vocais! Sua voz deveria ser presa por atentado ao pudor. Closer é uma das músicas mais sexys que já ouvi e The Blackest Lily tem qualquer coisa de muito malvada.


Duffy - Endlessly
Confesso que a voz da Duffy não é pra qualquer um e o timbre extremamente agudo pode incomodar. Mas se o primeiro álbum dela enjoava depois de uma terceira reprodução, o mesmo não acontece com Endlessly. Aqui, além das baladas, Duffy surpreende com violinos, baixos e uma batida um tanto agressiva. O que dizer da abertura de Keeping My Baby e de Well, Well, Well (o clipe mais charmoso do ano)?

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Retrospectiva

Desde que terminei o ensino médio, no ano passado, minha vida deixou de ser uma certeza, como ela tinha sido desde sempre, e se tornou uma dúvida. Acho que tudo dependia do vestibular e, como não passei, fiquei completamente perdido. Perdido ao ponto de não saber mais o que me fazia feliz. Olhando de fora, pode parecer que perdi um ano inteiro em tentativas frustradas e planos mal sucedidos. Coisa que nunca antes tinha deixado acontecer porque, vejam bem, sempre me levei muito a sério. Mas fazendo uma avaliação agora, acho que 2010 foi o ano em que mais cresci. Até porque comecei o ano medindo 1,70 e terminei com 1,86. (Hahaha. Brincadeira, gente.)

Acontece que o fracasso é um bom professor. Eu que sou um péssimo aluno. Sempre fui. Porque quando eu era pequeno e só comia Nuggets e Fandangos, vivia tendo intoxicação alimentar. Vomitava as tripas, tinha febre, tomava soro caseiro e jurava nunca mais colocar uma fritura na boca. Uma semana depois e eu já estava comendo as mesmas delícias besteiras de sempre. Acho que se enfiar o dedo na tomada fosse bom, eu não me importaria em viver tomando choque.

Em 2010 percebi que eu não era capaz de tudo. Vi minhas fraquezas expostas pra toda a família, amigos e conhecidos. Me senti nu, invadido, humilhado... E se não fosse minha autoestima esmagadora, acho que teria feito qualquer coisa estúpida. Mas em 2010 também aprendi que algumas pessoas me amam. E elas não me amam pelo que eu fiz, pelo que sei ou pelo que tenho. Elas simplesmente me amam.

Que no ano que vem possamos estar ainda mais próximos. E felizes.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Como Ser Babaca em Transportes Públicos

Acho que ando de ônibus desde os cinco anos, quando a minha avó me levava pra tomar sorvete, em Belo Horizonte, e íamos sentados nos assentos preferenciais. Eu achava tão legal sentar naquele carro gigante e balançante que decidi comprar um ônibus quando fosse rico. E eu tinha o projeto de montar uma casa lá dentro, etc, de tanto que amava. Pra vocês verem que pobreza é o tipo de coisa que nasce com a gente. Enfim. O tempo passou e aos dez anos eu já tinha sacado que não existe melhor forma de ser humilhado, irritado, esmagado e bulinado que andando de ônibus. Primeiro porque é desconfortável, segundo porque não sei o que acontece, mas as pessoas viram bichos quando entram naquele lugar.

Hoje fui dar aula bem cedo, quando os ônibus ainda estavam lotados. Sempre levo uma mochila de uns cinco quilos nas costas (porque tenho muito TOC relacionado a ser prevenido) e o mínimo que espero da sociedade é que alguém que está sentado se ofereça pra levar minha bolsa. GENTE, É LEI! Juro que não tô pedindo muito. Ok. Estava eu, com a coluna já dolorida, e tinha uma Dona toda esparramada sentada na minha frente. Eu lançava uns olhares, pra ver se ela percebia o tamanho da minha carga e se tocava, mas parecia inútil. Foi aí que tive uma ideia genial.

Deixei a alça lateral pendurada em um só braço, de modo que a mochila ficasse dando leves pancadas no rosto da Dona. Ela logo se incomodou, como o previsto:

- Moço, a sua mochila, tá bat...

E eu, dando uma de desentendido, jogo a mochila no colo dela.

- Ah, muito obrigado, querida (sorriso_dissimulado_ativar) - e sigo viagem.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Top 10 - Filmes 2010

Podemos dizer que foi um ano bom pro cinema. Tivemos Martin Scorsese, Christopher Nolan, David Fincher, Quentin Tarantino e Woody Allen, entre outros que fizeram o dever de casa direitinho e transformaram 2010 em um ano saboroso pros cinéfilos. Listei aqui os 10 melhores filmes lançados no Brasil desde janeiro, classificados de acordo com o meu gosto (que pode não ser tão refinado quanto o seu, desculpa). Lembrando que, embora eu tenha me esforçado, não vi todos os filmes lançados no ano, então alguma coisa boa pode ter ficado de fora.

10. À Prova de Morte
À Prova de Morte foi lançado em 2007 nos EUA, mas por algum motivo estúpido só chegou ao Brasil 3 anos  depois. Aqui, Tarantino se joga nas cenas de perseguição, nos diálogos intermináveis e no fetiche por pés (cada vez mais doentio, tenho reparado). Mas o que torna esse filme imperdível é sua cena final. Um clímax desses de lavar a alma. Com sangue.

Death Proof
2007
Quentin Tarantino


9. As Melhores Coisas do Mundo
Tenho uma queda por filmes adolescentes e fiquei muito feliz ao ver uma produção brasileira tratar do assunto sem descambar pro clichê ou pra caricatura. Laís Bodanzky, diretora de Bicho de Sete Cabeças, se aventura em um gênero completamente diferente, e não erra a mão. Destaque pra atuação contida e verdadeira de Denise Fraga.

As Melhores Coisas do Mundo
2010
Laís Bodanzky


8. Mother - A Busca Pela Verdade
Do mesmo diretor do aclamado O Hospedeiro, Mother é um filme oriental que conta a história de uma mãe e sua luta para provar a inocência do filho em um homicídio. A narrativa é conduzida com maestria, envolvendo o espectador em uma teia de dúvidas e reviravoltas. Poucos filmes me fizeram torcer tanto pelo protagonista.

Madeo
2009
Joon-ho Bong


7. Minhas Mães e Meu Pai
Julianne Moore e Annette Benning (em sua melhor atuação desde Beleza Americana) são um casal de lésbicas que têm dois filhos gerados através de um banco de esperma. Prestes a ir para a faculdade, a filha mais velha decide conhecer o homem responsável pela doação, o que abala toda a família. Comédia dramática, já apontada como uma das favoritas no Globo de Ouro 2011.

The Kids Are All Right
2010
Lisa Cholodenko


6. Ilha do Medo
O mestre Scorsese cria aqui um thriller com cara de terror dos anos 50. Leonardo DiCaprio vive um perturbado detetive que, enquanto tenta solucionar um misterioso crime, percebe que pode estar sendo enganado pela sua própria consciência. A fotografia sombria e a grandiosa trilha sonora fazem desta ilha um dos cenários mais assustadores do cinema.

Shutter Island
2010
Martin Scorsese


5. A Origem
Talvez o filme mais polêmico do ano. Teve gente que achou tudo um grande radar e teve gente que amou. Eu, definitivamente, sou do segundo grupo. E acredito que qualquer um que realmente tivesse comprado a ideia dos sonhos e se deixado envolver pelo roteiro frenético do Nolan, teria vivido uma experiência arrebatadora na sala de exibição.

Inception
2010
Christopher Nolan


4. Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1
Foi o começo do fim. E pela primeira parte, podemos esperar algo realmente grande no ano que vem. A série nunca esteve tão profunda, sombria e triste. A sensação que temos, ao longo do filme, é que algo realmente ruim está prestes e acontecer. O trio principal aproveita o foco contemplativo e mostra que, além de celebridades teens, são atores bem competentes.

Harry Potter and the Deathly Hallows - Part 1
2010
David Yates


3. Tudo Pode Dar Certo
Woody Allen fechou 2010 com dois filmes e, apesar de ter gostado muito de Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos (ainda em exibição nos cinemas), achei Tudo Pode Dar Certo uma comédia bem mais competente. A história do velho neurótico redescobrindo a vida e o amor ao lado de uma adolescente é simplesmente irresistível.

Whatever Words
2009
Woody Allen


2. A Rede Social
Eu poderia enumerar aqui as qualidades do novo filme de David Fincher e o que me fez gostar tanto dele, mas fiz isso no post anterior. Então lê lá. Ah sim, A Rede Social foi eleito o filme do ano pelo Círculo de Críticos Cinematográficos de Nova York. Ano passado quem ganhou esse prêmio foi Guerra ao Terror (que mais tarde também levou o Oscar). Não precisa dizer mais nada, né?

The Social Network
2010
David Fincher


1. Toy Story 3
Acho que só quem cresceu com o Andy vai entender a minha comoção. Quando assisti Toy Story 3 chorei tanto que tive de torcer a camisa depois. O filme pode ter sido a melhor comédia da Pixar, uma história sobre amizade e união, mas pra mim pode ser definido em uma palavra: despedida. E como é triste ter que dar adeus a personagens que me fizeram tão feliz.

Toy Story 3
2010
Lee Unkrich

Que em 2011 tenhamos ainda mais sorte. E pipoca.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Solidão 2.0


Quando ouvi falar sobre A Rede Social, achei que seria aquele tipo de filme "o retrato de uma geração", o que seria incrível, já que é a minha geração. E achei que o público menos familiarizado com a internet, sem uma vida virtual ativa, não teria nenhum tipo de identificação com Mark Zuckerberg, o criador do Facebook e protagonista da história. Mas ontem assisti A Rede Social e vi que não se trata de internet, muito menos de Facebook. Trata-se de solidão.

Mark é um gênio da informática que usa ideias alheias pra desenvolver o que é hoje o maior site de relacionamento do mundo. Tudo isso com a ajuda de Eduardo Saverin (seu melhor e único amigo) e as dicas de Sean Parker (o criador do Napster). Os três são personagens riquíssimos, muito bem interpretados por Jesse Eisenberg, Andrew Garfield e Justin Timberlake. E são eles, aliados à direção absurda de David Fincher, que fazem deste, um dos melhores filmes do ano.


Toda a trama se passa em dois tempos: a criação do Facebook, e um processo judicial onde Mark está sendo acusado de apropriação indevida de bem intelectual (inventei esse crime agora) por uma turma de gente que se sente traída e lesada. O mais interessante é que Mark não quer dinheiro. Ele não fez o Facebook pra isso. Ele só quer exclusividade (e essa palavra é muito usada ao longo do filme como sinônimo de poder e reconhecimento). É o que faz cada um de nós buscarmos melhores empregos e relacionamentos, e isso inclui nossas relações virtuais.

Se ele conseguiu ou não, se ele é feliz ou não, cabe ao espectador decifrar. Na verdade, o filme deixa muitas perguntas sem respostas, o que faz do protagonista ainda mais interessante. A cena final é de uma crueza assustadora. A gente sai do cinema com um pouco de admiração e bastante pena. Pena do Mark. Pena de nós mesmos.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Minhas Lágrimas Secam Sozinhas


Tenho duas notícias, uma boa e uma ruim. A boa é que meu ingresso pro show da Amy Winehouse chegou, nesta faceira manhã de quarta-feira. E gente, tô me sentindo privilegiado, porque em uma semana os ingressos pra pista simplesmente acabaram. Se a culpa é dos cambistas ou se a Amy tem mais fãs do que previam os organizadores do show, não sei. Só sei que o meu tá garantido.

A notícia ruim, na verdade são três. Vou fazer uma listinha, pra ficar mais dramático:

1. Não comprei as passagens pro Rio. Porque não tenho dinheiro e não sei como vou conseguir 300 reais de uma hora pra outra. Porque ando muito ocupado. E vocês sabem como é a Gol, né? Esse point da classe C emergente. Hoje tá 180, amanhã tá 220 and beyond!

2. Não tenho companhia pro show. Hahahaha, parece carência (e é mesmo). Porque quando os ingressos começaram a ser vendidos todo mundo ia, que legal Gabriel, meu brother, pode contar comigo, etc. Quando esgotou... Mas já? Ihhh, não deu tempo, foi mal. Sabe quando você combina de pular na piscina ao mesmo tempo que um amigo e na hora H você para e deixa o otário cair na água sozinho? Não que eu esteja comparando o show da Amy com uma cilada, vocês entenderam.

3. Minha tia mora em Niterói e o show vai ser na Barra. Junte isso + eu sozinho + madrugada + traficantes querendo revanche = coisas BELAS prestes a acontecer!

Mas gente, é Amy Winehouse! Nada mais vai importar quando essa mulher aparecer no palco, cantando Tears Dry On Their Own.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Vergonha em Pixels

Adoro fotografia, mas morro de vergonha de tirar foto em locais públicos. Se eu ainda tivesse uma máquina profissional (tipo a da moça da foto abaixo), talvez teria coragem de parar no meio do povão, em posições constrangedoras, e levar horas pra captar uma única imagem. Mas a minha máquina é econômica, cabe na palma da mão, então nem rola de bancar o entendido no assunto.

Na realidade, eu sou de uma filosofia meio Gusteau's de que qualquer um pode fotografar. Seja com uma Canon T2i ou com a câmera do seu celular vagabundo de dois chips. Só falta a coragem de militar pela causa.





Essas fotos foram tiradas por mim, enquanto minha prima celebrava sua primeira comunhão no Santuário Dom Bosco. Se quiser ver mais, tem minha galeria no Flickr.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Neosoro e Cia.

Eu e meu nariz nunca nos demos muito bem. Tentamos até uma reconciliação, em maio desse ano, quando fiz uma cirurgia pra corrigir desvio de septo. Ok, consegui respirar pelos dois buracos, mas ainda assim respiro mal. Meu nariz, quando não tá entupido, tá escorrendo. E além disso, sempre passo os primeiros vinte minutos do dia espirrando. Com o bônus de eu ter um espirro extremamente escandaloso (acho que fico com raiva de ter que espirrar e solto um berro junto), é uma coisa linda de se ver. Decidi consultar um alergista.

Minha mãe conseguiu a indicação de uma alergista ótima que cobre o nosso plano, etc. E a consulta estava marcada pras 15h. Cheguei 15h15. Na recepção, me informam que eu vou precisar ser encaixado. Perguntei qual é a média do tempo de espera. "No máximo 5 horas". Oi? Juro pra vocês, eu achei que era brinks. Dei um sorrisinho maroto, uma cutucadinha de ombro... Qual é? E ela não esboçou a menor reação. Não era brinks. Deixei meu nome na lista de espera e fui arrumar o que fazer.

Voltei às 19h e o consultório estava ainda mais cheio. Pais descontrolados, gritando... "Quer dizer que ela prefere seguir as normas da clínica a salvar uma vida?!". Toda uma vibe hospital público. Foi tão difícil ser atendido que quase pedi um autógrafo pra médica quando chegou minha vez. O diagnóstico, pelo menos, foi rápido: rinoconjuntivite alérgica/viral (???). E voltei pra casa com uma receita médica enorme.

Entre comprimidos e sprays, descobri o Neosoro H. Foi amor à primeira vista. Duas esguichadinhas e meu nariz simplesmente voltou ao que ele nunca foi, tipo mágica. Todo saltitante, fui contar a novidade pra família e dez minutos depois já tinha nego falando que vicia, causa enfarto, sangramento no nariz, o diabo. Sabe gente que não pode ver a felicidade alheia? E eu, tonto, em vez de ignorar, fico aqui me remoendo de culpa e buscando incentivo de outros usuários. Alguém topa abrir uma irmandade?

sábado, 4 de dezembro de 2010

O Filho Pródigo


Quando apaguei o Frenesi, senti um alívio enorme. Não porque o blog tinha se tornado um fardo na minha vida (o que também é verdade), mas porque sou o tipo de pessoa que se arrepende de quase tudo; e imaginar que a internet estava lotada de besteiras que poderiam arruinar minha imagem era algo que não me deixava muito à vontade. Tudo bem que eu não ajudo. Se você conhece alguma rede social, pode estar certo de que participo dela. Mas participo mesmo: respondo fóruns, escrevo recados, comento fotos, etc. Sou muito eficiente quando o assunto é perder tempo.

Acontece que há poucos meses descobri que não sou relevante. Essa foi A descoberta de 2010, eu considero. Então, por mais que eu tenha medo de manchar minha reputação (risos escandalosos), tenho total consciência de que 98% das pessoas que leem este blog estão cagando pros meus problemas. Por isso, resolvi voltar. Porque gosto desse constrangimento público que eu promovo e já estava muito irritado de só poder escrever em 140 caracteres e de não ter uma webpage digna pra colocar no meu cartão de visita pra colocar no meu perfil do Facebook.

Tenho pensado muito na parábola do filho pródigo de uns dias pra cá. Porque sempre achei que eu fosse o filho bom. O que não sai de casa, não gasta o dinheiro do pai com farras e meretrizes, não volta arrependido e não ganha uma festa no final. Sério. Meu irmão sempre foi terrível na escola, então uma vez meu pai prometeu pra ele um teclado da Yamaha, se ele ficasse pelo menos um semestre sem notas vermelhas. E adivinhem... Ele não conseguiu. Chegou a minha vez de ir pro Ensino Médio e eu, que sempre fui bom aluno, pensei que ia rachar de ganhar presente. Só que meu pai não me ofereceu presente nenhum. Durante muito tempo cultivei essa mágoa. Pensei que eu tinha que ter sido um aluno bem ruim e tirado notas bem baixas, pra ter a chance de ganhar um presentão mais tarde.

Mas hoje, depois de tudo o que aconteceu, começo a achar que talvez eu seja o filho mau da história. Não estou falando sobre gastar toda a grana do meu pai com comida e meretrizes. Só acho que as coisas não estão saindo conforme o planejado. E me pego pensando, afinal, qual dos dois filhos foram mais felizes? O que fez tudo certinho e ficou na fazenda ajudando o pai ou o que foi pro mundo, se ferrou, se arrependeu e ganhou uma festa?

"20. E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou.
21. E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e perante ti, e já não sou digno de ser chamado teu filho.
22. Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa; e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão, e alparcas nos pés;
23. E trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos, e alegremo-nos;"
Lucas 15:20-23

O importante é que, de um jeito ou de outro, vai ter bezerro no final!

PS1: O banner é assinado por Dave Coelho, maranhense e cinéfilo, que fez um trabalho no mínimo genial.

PS2: Sejam bem-vindos! Vocês já sabem como funciona, né? Esse blog não tem tema definido, o blogueiro não tem responsabilidade e as coisas vão piorar muito daqui pra frente. Eu não recomendo uma próxima visita.