quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Como Fazer um Filmão


Steven Spielberg pode ser cafona e melodramático, mas sabe como ninguém fazer o povo chorar. Em Cavalo de Guerra (um dos dois filmes que ele lança esse ano e também sua aposta para o Oscar), o diretor conta uma história bonita e comovente, sobre a amizade de um garoto e seu cavalo de estimação. O filme é lindo e cumpre o prometido (faz o povo chorar), mas acaba se vendendo fácil às receitas do clássico. É um filme que não acrescenta em nada ao que já existe hoje no cinema americano.

Albert (Jeremy Irvine) é filho de um fazendeiro que está à beira da falência, mas, mesmo assim, acaba gastando o pouco que lhe resta com um potro quase selvagem e inútil. A esposa tenta persuadi-lo a devolver a compra, mas o filho, encantado com o animal, implora para que o deixem domá-lo. Logo surge entre os dois uma amizade genuína, cheia de cenas encantadoras de superação e lealdade. Mas Joey, como o cavalo passa a ser chamado, acaba tendo de ser vendido para militares ingleses e é levado a participar do que ficou conhecido como a primeira guerra mundial. Albert e Joey acabam separados por ela.


Com uma escolha interessante, Spielberg coloca o fio condutor da trama nas mãos (patas?) do cavalo e não do menino. Enquanto Joey passeia por campos de batalha e trincheiras, somos apresentados a diferentes histórias de gente que, assim como Albert, perdeu muito com a guerra. Todas muito bem amarradas pelo roteiro de Richard Curtis (Simplesmente Amor) e Lee Hall (Billy Eliot), que nos apresentam um grande panorama da primeira guerra e seus diferentes efeitos.

Tecnicamente, Cavalo de Guerra é impecável (embora seja também muito pouco inovador). A impressionante trilha sonora de John Williams (velho parceiro do diretor), associada à fotografia deslumbrante de Janusz Kaminski faz toda cena de ação parecer épica. Mas o resultado é um pouco genérico. Steven Spielberg parece acomodado e não ousa em momento algum para tentar sair do clichê. Ele, como ninguém, conhece as receitas, sabe o que dá certo e o que não dá, e usa o que sabe, sem inventar. Assim fica fácil fazer um filme bom.

2 comentários:

Thiago D. disse...

Texto muito bom e, olha, é uma crítica (sr. Que-Me-Disse-Não-Escrever-Críticas).

Só discordo de um ponto: o filme não traça panorama algum sobre a Primeira Guerra e muito menos sobre seus diferentes efeitos. Pra mim, o filme pintou todo o evento em preto-e-branco e foi bastante claro ao expor um único ponto de vista (de que a guerra é ruim e devasta famílias) com o desfecho [SPOILER!] quando mostra Joey e seu dono voltando pra casa (o alicerce, tudo que a Guerra tirou dele e etc).

Pensando bem, além disso, discordo de outro ponto... Quando você diz que ele é pouco inovador... RISOS. A sequência em que ele ara a terra foi inédita (pra mim, né, risos). Nunca tinha visto nada assim. E a que o cavalo corre pelas trincheiras também. (De resto, admito, ele é bem convencional mesmo. A cena dos soldados, por exemplo, foi vista em outro filme do próprio Spielberg. Quer dizer.)

Thiago Paulo disse...

preciso ver. mas não entrou em exibição por aqui, nem sei porque. eu fui assistir tintim, e putz, filmaço. gostei muito mesmo!

Abraço.