A carência fica bem mais evidente na madrugada, porque rola um desespero, né? Quatro da manhã e as chances de encontrar alguém interessante online são mínimas. O coração acelera só de pensar na possibilidade de um vácuo infinito que duraria até o dia seguinte, quando as pessoas aos poucos acordariam e (sem muita paciência) ouviriam minhas mazelas. E quase nunca há o que dizer. É só a necessidade de ser ouvido, de perceber algum tipo de comunicação e sentir que você não é o único no mundo.
Durante muito tempo pensei em morar sozinho como um ideal de futuro perfeito. Sempre me achei muito pouco carente de companhia. As coisas que mais me agradam são, em sua maioria, entretenimentos solitários. E minha maior preocupação era ter um bom livro à disposição no criado mudo. Não sei mesmo quando foi que comecei com essa necessidade de comentar o tal livro com alguém. E de marcar o filme como visto no Filmow, o episódio como assistido no Orangotag... E trocar as experiências. Nem sei se faço isso pela troca mesmo, ou pelo desejo infantil e canalha de ser ouvido.
A internet fez uma coisa péssima: facilitou a interação. Facilitou de tal forma que a gente nem sabe se aquilo pode ser considerado interação. Assim fica impossível levar a sério as amizades. Ninguém está realmente fazendo alguma coisa pelo contato. Basta permanecer, trocar um ou dois emoticons e ir dormir se sentindo popular como nunca. Mas não queria entrar nessa da guerra de egos, da vaidade louca... Não. Só queria pesquisar um pouco o que tem motivado meus surtos de carência online.
Porque pior que ser carente só mesmo ter noção desse estado. E quanto mais tento me controlar, guardar as fotos e calar a boca, mais tweets desnecessários, publicações vergonhosas e posts como este.