terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Salubridade, Sanidade e Perfume


Cheguei em casa e fui recebido por uma mãe de banho tomado, cabelos úmidos e perfume de condicionador. Elizete, que trabalha na minha irmã mais velha, veio dar um salve aqui em casa e as duas passaram o dia numa faxina que, imagino eu, precisou terminar com esse ritual de autopurificação materno. Depois ela foi me mostrando os cômodos, quase efusiva. Contou que tinham passado aspirador de pó em todos os cantos do meu quarto (o pobre menino asmático) e tinham limpado até os segredos mais sujos do guarda-roupas. Entrei no banheiro e, ofendido com tamanha assepsia, fiquei pensando em como foi difícil passar tanto tempo sem ela.

Desde que voltei a morar com meus pais, nunca mais vi a louça acumular. A pia está sempre vazia, seca e brilhando. As roupas aparecem passadas, dobradas em pequenos cubos em cima da cama. As cobertas, lençóis e toalhas são trocados de pouco em pouquíssimo tempo. O papel higiênico, o sabonete, o shampoo, o condicionador... Tudo é reposto de forma discreta e silenciosa, escondendo assim o maior segredo da minha família: elfos domésticos.

Puxei da minha mãe essa obsessão com a limpeza, obviamente sem nunca alcançar seu alto nível de dedicação à higiene. Sempre gostei de ter as coisas no lugar e tenho pequenos surtos de deleite quando termino de limpar qualquer coisa mais ou menos imunda. Acho que significa o começo de algo. Como se fosse impossível ser feliz enquanto não passasse álcool gel nas mãos. Mas também tenho preguiça e foi essa minha salvação. Foi isso que me impediu de ser uma Mônica Geller de vida.

Antigamente, no banho, me ensaboava por horas e com tal zelo e tanto, que acreditava piamente ser uma questão de tempo até que meu corpo desaparecesse. Um menino que, de tanto tomar banho, sumiu. Porque uma linha muito tênue divide as células vivas das mortas. É preciso cuidado com essa mania de querer limpar tudo que é sujo. A gente sempre acaba descobrindo que nada é realmente limpo.

2 comentários:

Naiara Lira disse...

curtir :)

Hj desenterrei meu blog e ele segue o seu... saudades de uma época blogueira, de tempo e inspiração pra escrever. Hoje canto mais q conto :)

bjokas!

Jefferson Reis disse...

Em minha casa acontece assim também. Minha mãe é quem toma conta de tudo. Há alguns dias mesmo, arrumou meu guarda-roupa. Se deixassem por minha conta, a casa seria uma zona, porque sou um caos.