O diagnóstico que eu mesmo resolvi me dar foi: hipersensibilidade. Em outras palavras, tudo dói. Essa semana cheguei ao cúmulo de ficar mal por conta do cancelamento de um show para o qual eu nem ia. E isso só por ter cogitado a possibilidade de comprar o ingresso e as passagens e realmente ir pra um desses festivais de música. A gente passa a juventude vivendo uma ditadura meio velada dos grandes espetáculos. Todo mundo sabe que ingresso de show, passagem de avião, essas coisas, são investimento. Não se pode pagar por experiências, etc. Mas a verdade é que se pode pagar sim, e às vezes o preço é bem caro.
Fiquei um pouco chocado com a capacidade que um único ser humano tem de ferrar com os planos de tanta gente. E nem acho que a tal Marina dos Diamantes tem lá muita culpa do que aconteceu. Provavelmente ela só trabalha com uma galera ruim de serviço, o que, querendo ou não, é culpa dela também. Enfim. O que não deu pra assimilar ainda foi o nível da frustração de um fã, desses bem adolescentes, que se planejam pra coisa com meses de antecedência, juntam os trocados todos, fazem das tripas coração para convencer os pais, se envolvem em um milhão de rolos para conseguir onde dormir, pagam transporte pro show, chegam cedo, ficam na fila, pintam a cara... tudo isso para ver uma mulher específica cantar na frente deles... e algumas horas antes da apresentação, pluft! Aparecem as notícias. Não vai ter show. Ela não vem, não conseguiu chegar a tempo... O voo foi cancelado. Já era.
Pra esse fã, que provavelmente não vai ter outra oportunidade de ver sua artista preferida, resta beber um bocado, tentar se divertir com os outros shows do festival, voltar pra casa e aceitar a atmosfera melancólica que vai estar pra sempre entranhada nas faixas de Froot.
Anunciaram agora a pouco um show da Rihanna no Rock'n'Rio e me encontro atualmente ponderando e estudando a possibilidade de investir numa dessas incríveis perspectivas de frustração.