sábado, 25 de fevereiro de 2012

Top 9 - Filmes do Oscar 2012


"Para mim,  prêmios são apenas decisões tomadas por um grupo de pessoas num determinado período de tempo sob determinadas condições.  Os Oscars ganham uma dimensão mítica porque têm uma longa história e envolvem, dos dois lados da equação, nomes com dimensões universais", Ana Maria Bahiana.

Tivemos um dos piores anos em muito tempo. Muita coisa interessante, como Tudo Pelo Poder, Drive e Melancolia, foi ignorada e uns filmes bem fracos, como Histórias Cruzadas, receberam toneladas de indicações. Coloquei os 9 indicados a melhor filme em ordem de preferência e tentei falar um pouco sobre eles e sobre suas chances no Oscar 2012.



Assim como Dúvida, em 2009, Histórias Cruzadas é o filme de atuações desse ano. Duas de suas atrizes são favoritas ao Oscar: Viola Davis, que provavelmente vai tirar a estatueta da Meryl Streep, e Octavia Spencer, que é franca favorita ao prêmio de melhor atriz coadjuvante. Sim, elas trabalham muito bem. Não, o filme não é bom.



Gosto muito do Stephen Daldry, diretor de As Horas, O Leitor e Billy Elliot, mas desta vez ele não conseguiu me emocionar. Tão Forte e Tão Perto é visualmente lindo, mas tem um roteiro inconstante. São boas as atuações do menino Thomas Horn e de Sandra Bullock, já Tom Hanks deixa a desejar. Felizmente, é o azarão do Oscar. Só ganha o prêmio principal se der algum tipo de pane na cabeça dos velhinhos da Academia.



É um filme de Spielberg com doses cavalares de romantismo e melodrama. Não consegue fugir da forma clássica, mas isso não prejudica seu resultado final. Ele funciona em tudo o que se propõe: emociona, empolga e deixa o espectador com os olhos marejados. O problema é que ele tenha se proposto a tão pouco.



Polêmica. Tem gente que ama, tem gente que odeia. Eu achei bom. E por alguns minutos até pensei que tinha atingido o estado necessário pra desfrutar de toda essa experiência profunda que o Malick nos oferece, mas não. Não cheguei lá. E, por isso mesmo, não posso tirar o mérito do filme. Talvez eu reveja e descubra que é o filme da minha vida. Por enquanto é um filme muito bonito sobre família, Deus (ou a ausência dele) e a criação do mundo. Ganha melhor fotografia.



Sou fã de George Clooney e queria muito que Os Descendentes tivesse sido um arraso. O filme é delicado, mistura drama familiar com uma comédia irônica e, assim como Histórias Cruzadas, poderia ter seu elenco inteiro indicado ao Oscar. Chegou a ser favorito pro prêmio principal, mas foi perdendo fôlego ao longo da corrida. Hoje é favorito apenas pro Oscar de roteiro adaptado.



Nunca gostei de filmes de esporte, nunca entendi bulhufas de baseball e, ainda assim, O Homem que Mudou o Jogo me fez chorar. Brad Pitt entrega uma atuação contida e emocionante e toda a história do gerente de equipe, Billy Beane, é contada com um realismo e competência raros no cinema hollywoodiano. Vale a pena ficar de olho no nome de Bennett Miller, um diretor novo, que só fez dois longas de ficção e emplacou ambos na temporada de prêmios.



É o filme do ano. Em preto e branco, mudo e 4:3, O Artista é uma homenagem à Hollywood, sua história, seu charme e ilusão. A trama é bastante simples, mas seu apelo nos trabalhadores da indústria (gente que estuda e vive cinema) deve ser grande. Tem tudo pra ser o maior vencedor da noite de amanhã e aparece como favorito nas categorias de melhor filme, diretor, ator, trilha sonora e montagem.



Outro filme cheio de nostalgia que caiu nas graças da Academia. Aqui, ao contrário de O Artista, Martin Scorsese recorre ao que há de mais novo na indústria cinematográfica para contar uma história que se passa no primeiro cinema. Ele volta aos irmãos Lumière, ao mundo dos rolos de filme, e mostra que desde aquela época a principal função do cinema já era fazer sonhar. Vai rivalizar com O Artista em muitas das categorias técnicas, mas é favorito em direção de arte, edição e mixagem de som.



Se O Artista é uma homenagem à Hollywood e A Invenção de Hugo Cabret, ao cinema, Meia-Noite em Paris, por sua vez, homenageia a arte como um todo. Woody Allen usa a história de um escritor frustrado para disseminar sua filosofia vibrante e revisita outros tempos para tentar entender qual é, afinal, o mistério da criação. Não há regras, limites, ou barreiras. Fã e ídolo ultrapassam os muros do tempo e da verossimilhança para terem conversas francas sobre suas obras, seus medos e anseios. Meia-Noite em Paris, antes de mais nada, é um filme delicioso e romântico. Infelizmente, só é favorito ao Oscar de roteiro original.

Amanhã, ao longo de toda a premiação, vou estar fazendo comentários bastante irrelevantes no Twitter e dando RT em algumas piadas imperdíveis. Sintam-se a vontade para seguir. A bagunça começa umas 21h, mais ou menos, com o tapete vermelho.

5 comentários:

Patrícia Melo disse...

Me sinto muito ansiosa pelo Oscar!
Desses filmes, não assisti nenhum, então não posso dar minha opinião em particular.

Thiago D. disse...

Nove perguntas sobre os filmes:

9. O que desqualifica The Help como um bom filme?
8. Sobre Extremely Loud & Incredibly Close: a que credita o seu não-se-emocionar? Ao roteiro inconstante? (O que é um roteiro inconstante?)
7. Relativo a War Horse: se propor a emocionar, empolgar e deixar o espectador com os olhos marejados é pouco?
6. Como c sabe se há mesmo uma experiência profunda no filme do Malick?
5. Por que The Descendents não foi um arraso?
4. Acha que contar histórias com realismo e competência é mais comum é algo mais recorrente em qual tipo de cinema? O Europeu?
3. Por que o filme do ano (The Artist) é só seu terceiro preferido?
2. C num disse se gostou de Hugo! C gostou?
1. O que você acha da corrente de pensamento que defende (ataca?) Midnight in Paris como um exercício masturbatório para que o autor destile suas referências e seja cultuado por um público que, ávido por reconhecer tudo, o taxe de brilhante?

VOU CRIAR UM PROGRAMA NA TV CULTURA CHAMADO PROVOCAÇÕES OPA JÁ FIZERAM ISSO :(

Gabriel Leite disse...

Vamos lá, seu Thiago:

9. Um filme cuja única surpresa/reviravolta no roteiro se resume a uma torta feita com merda não pode ser bom. Além disso, achei todos os personagens caricatíssimos e bem lineares.

8. Não consigo saber porque não me emocionei, mas pode ter sido pelo roteiro iconstante. Ou pelo personagem principal ser bastante irritante às vezes, e o Tom Hanks bastante retardado... Não sei.

7. É. Fazer chorar, qualquer um consegue se souber apelar um pouquinho. Eu consigo te fazer chorar em 5 minutos. :P

6. Dizem. Parece.

5. Porque ele ficou misturando aquelas músicas havaianas com cenas super dramáticas, então eu nunca conseguia chegar onde queria na introspecção. Mas achei um filme legal. Clooney tava ótimo.

4. Provavelmente.

3. Filme do ano é só porque ele é o filme que vem dando mais o que falar e ganhado mais prêmio e tido mais reconhecimento. É o meu terceiro preferido, porque preferi Hugo e Meia-Noite em Paris.

2. Amei.

1. Acho patético. Woody Allen é muito menos pretensioso do que cês acham. Isso foi ele que me disse agora, no telefone. Beijos.

Thiago D. disse...

Considerações, perguntas e tréplicas sobre suas repostas:

9. Filme bom, então, são aqueles com várias reviravoltas no roteiro? Personagens lineares e caricatos não funcionam? Aplicando sua lógica a outros títulos, cheguei a conclusão que Avatar e Luzes da Cidade são maus filmes. Vish.

8. Vish. Agora só vou ficar prestando atenção nisso quando eu for assistir, risos.

7. Já considerou a hipótese que a intenção de Cavalo de Guerra não é unicamente fazer chorar? [[Você não conseguiria MESMO me fazer chorar. Só se me bater. E olhe, olhe.]]

6. Hehehe. Vish.

5. Hahahaha. Eu gostei tanto do detalhe da trilha sonora se contrapondo ao drama. Tem uma corrente alemã de cinema que defendia esse contraponto, né? :~

4. Sei não. Pareceu frase pronta.

3. Entendi, entendi. Filme do ano prosotro, pero no para ti. Tá certo.

2. :DDDD

1. Como assim "do que cês acham?"? RISOS. Falando em Woody, viu o texto que circulou ontem falando que ele era fake e que não tinha nada de neurótico/nervoso? RISOS.

Leandro Ataide disse...

Caraca! Mr. Gabriel excelentes comentários dignos de um respeitável crítico de cinema. Não vi nenhum dos filmes indicados, mas devo ver alguns dos que v. gostou futuramente.