Não é como se eu não tivesse nada a dizer; é mais como se eu soubesse que ninguém quer ouvir. E na verdade eu até sei que alguém no mundo quer, que todo blog tem 100 leitores, etc, mas sentir eu não sinto.
E quando você fica muito tempo sem escrever, a tendência é ficar ainda mais. Isso porque a gente percebe que não faz muita diferença.
E agora entra a parte da pretensão literária.
Sempre achei lindo encher a boca pra dizer que não escrevo por dinheiro, fama ou reconhecimento. Que não acredito que a literatura, ou seja lá o que isso for, tenha alguma função. Que a vantagem dela é justamente essa de não servir pra bosta nenhuma. Que só assim ela vai conseguir ser verdadeira.
Mas esse discurso, que parece tão liberal, bonito e artístico, não sustenta a realidade (ou o ego) de escritor nenhum. Primeiro que não existe arte verdadeira (e eu não quero entrar nesse mérito agora, porque o blog tá abandonado há tempo demais pra já voltar assim, com filosofia de boteco) e segundo que escrever é um ato de comunicação e fica impossível se comunicar sem esperar por uma reação do interlocutor.
Quando você fica muito tempo sem escrever e ninguém reclama, significa que você pode ficar mais um pouco. Foi o que eu fiz. E só voltei agora porque estou numa dessas fases mega produtivas, em que tudo o que eu faço é passar horas organizando as coisas que ainda preciso fazer (sem nunca de fato fazê-las).