Crescer tem sido pra mim, em grande medida, a constatação espantosa e desesperadora do poder do dinheiro. É o tipo de problema que me enche de mágoa, porque estou sempre tentando fugir dele. Eu juro que não queria dar tanto poder assim pro capital. E também não tô reclamando agora só porque o país tá em crise e uma bandejinha com 4 fatias de queijo sai a cinco reais no Big Box. Dinheiro sempre foi um incômodo, porque sempre senti que precisava dele ao mesmo tempo em que não aceitava precisar de uma coisa tão insignificante.
Ontem cheguei ao cúmulo de lavar meus óculos (que já estão com uma perna só) e secar no secador de cabelo pra economizar guardanapo. Quando equilibrei a armação de volta no meu nariz, percebi a lente completamente embaçada, o que não fazia sentido algum. Acabei usando o guardanapo, pra ver se resolvia, mas o embaçado não era do tipo que saía. Fui pesquisar a aberração e descobri que o calor danificava a lente, principalmente se ela tivesse tratamento anti-reflexo. Ou seja: como se não bastasse os óculos só terem uma perna, gastei energia, guardanapo e agora enxergo tudo em modo benflogin.
Tinha vontade de falar com o psiquiatra que dinheiro é atualmente a coisa que mais me deixa triste e que ele cobrando 500 reais a consulta não está sendo de muita ajuda. Aí o problema da grana se torna tão insustentável que você é obrigado a reduzir os gastos, deixa de ir no médico e, como nada se resolve, continua sofrendo por dinheiro, mas com a diferença de que agora não tem outro lugar pra reclamar a não ser no seu blog abandonado.