Não foi uma safra espetacular, mas achei melhor que o ano passado, quando tivemos Um Sonho Possível (aquela calamidade com Sandra Bullock) figurando entre os indicados. Aqui vai a lista dos 10 filmes que estão no páreo esse ano, organizados de acordo com a minha preferência. Não se trata de quem eu acho que vai ganhar o Oscar, mas de quem eu acho que deveria ganhar.
10. Bravura Indômita
Os irmãos Coen são muito talentosos e já levaram o Oscar por Onde os Fracos Não Têm Vez, que é bem mais ousado que esse Bravura Indômita. Aqui, fazem o remake de um filme que ainda não vi (o que me permitiu avaliar sem preconceitos) e parecem se contentar com as excelentes atuações de Jeff Bridges e Hailee Steinfeld (a garotinha de 14 anos, forte concorrente ao Oscar de coadjuvante). Faltou aquele humor negro delicioso que deixa a gente com vergonha.
9. Inverno da Alma
Inverno da Alma é um filme cru, sem muitos recursos, montagem elaborada ou outros fricotes. Por isso, tão difícil de assistir... Desagradável. Conta a história de uma adolescente (Jennifer Lawrence, a revelação do ano) que precisa encontrar seu pai (um traficante da região, que sumiu deixando dívidas) para não perder sua casa, onde cria os dois irmãos mais novos, já que a mãe é inválida. Ao longo da busca, somos apresentados aos personagens da vizinhança, que são violentos, instáveis, assustadores mesmo. E existe esse medo muito grande, durante todo filme, de que ela se dê mal.
8. O Vencedor
Christian Bale é, talvez, a maior certeza do Oscar 2011. Magro e cheio de trejeitos, ele vive um ex-lutador que sofre com a dependência do crack. Seu irmão mais novo, que também luta, funciona como um depósito dos seus sonhos frustrados. Mas O Vencedor não é um filme de boxe. É um drama familiar. E além do Bale, temos Melissa Leo, fazendo uma mãe nada imparcial, e Amy Adams, finalmente em um papel menos adocicado. Com esse elenco, o filme nem precisa ser bom.
7. Minhas Mães e Meu Pai
O indie do ano (ao lado de Juno e Pequena Miss Sunshine nos anos anteriores), Minhas Mães e Meu Pai une um elenco muito entrosado, diálogos inteligentes e ótima trilha sonora pra compôr uma agradável crônica dos nossos tempos. Achei engraçado que Annette Bening foi indicada ao Oscar e Julianne Moore não. E eu acho o papel da Julianne, nesse filme, bem mais difícil. É ela quem vive todo o conflito da traição e da vergonha perante uma família muito bem estruturada. Acho que foi uma daquelas indicações por dívida.
6. O Discurso do Rei
É inegável a beleza de O Discurso do Rei. O filme parece uma jóia, cuidadosamente polida. Tudo é muito caprichado. Desde o figurino e direção de arte até a fotografia (com um enquadramento não convencional). É o favorito ao Oscar, porque os acadêmicos nunca resistem à monarquia inglesa (morrem de inveja, na verdade). E Colin Firth faz um trabalho sublime como o rei gago em busca de tratamento. Mas eu não quero que O Discurso do Rei leve o prêmio principal. Considero um retrocesso da Academia, que vinha finalmente se libertando do clássico cinemão.
5. 127 Horas
127 Horas é um filme feito com apenas um personagem, sua agonia, seus medos e seus sonhos. A direção brilhante de Danny Boyle (já coroado por Quem Quer Ser um Milionário?) consegue pegar esse material aparentemente escasso e transformá-lo numa obra intensa e sensível. E nós, que estamos presos ali com o James Franco, acabamos por avaliar nossa própria vida. O que pode ser ainda mais doloroso que ter o braço arrancado.
4. A Origem
Christopher Nolan é genial. Acho que não vai demorar muito até que todos reconheçam isso. A Origem é um quebra-cabeça. Filosófico, com final aberto e que trata de um assunto ainda muito misterioso pra nós: os sonhos. A maior injustiça do ano foi Nolan não ter sido indicado a melhor diretor. Para reparar o erro, espero que a Academia dê todos os prêmios técnicos pra esse filmaço, incluindo o de melhor trilha sonora (que, na verdade, é toda trabalhada na
mensagem subliminar).
3. A Rede Social
Muito se fala sobre este ser o filme do momento, mas o que realmente me encantou em A Rede Social foi justamente seu caráter atemporal. Foi ver Jesse Eisenberg vivendo um dos personagens mais dúbios que o cinema já abrigou. Foi ver um filme sobre amizade e traição não cair no clichê. Porque David Fincher não deixa nada muito claro. Quanto mais conhecemos Mark, o criador do Facebook, mais temos a impressão de que nada sabemos dele.
2. Cisne Negro
"Eu tive um sonho estranho ontem à noite, sobre a garota que é transformada em um cisne. Ela precisa de amor pra quebrar o feitiço. Mas seu príncipe se apaixona pela garota errada e então.... Ela se mata". Alucinação e realidade se confundem nesse espetáculo orquestrado por Darren Aronofsky. Natalie Portman entrega sua melhor atuação e, se houver justiça no mundo, vai ganhar o Oscar no dia 27. Ela é a personificação da batalha interna que travamos a cada dia. De um lado a técnica e o romance, do outro a impulsividade e o sexo.
1. Toy Story 3
Aqui o lado pessoal falou mais alto. É a história da nossa infância chegando ao fim. É a hora de despedir de todos esses personagens incríveis, que nos divertiram por tanto tempo. Impossível não se sentir um pouco Andy, ao ver Woody e Buzz ficando pra trás. Impossível segurar as lágrimas... Crescer dói.