sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Milhares de Robs Flemings

Estou lendo Alta Fidelidade, do Nick Hornby, pela segunda vez. Na verdade, quando li pela primeira vez, não cheguei a terminar. Faltavam cerca de 80 páginas pro fim do livro, quando esqueci meu exemplar em um dos bolsões de uma aeronave da Gol. Eu estava indo de Brasília pra São Paulo e só fui me dar conta da perda quando cheguei na casa dos meus pais, em Campinas.

Tive que comprar outro, já que recuperar um livro perdido num avião de linha econômica é tarefa quase impossível (de modo que nem tentei). E como fui obrigado a interromper a leitura por alguns dias, decidi recomeçar, porque tenho TOC porque não gosto de interromper leitura de romances. Principalmente de romances britânicos.

Por incrível que pareça, estou achando o livro ainda melhor desta segunda vez. Alguns trechos são realmente geniais. Não por trazerem uma linguagem inovadora ou uma constatação inédita, mas por conseguirem resumir com clareza boa parte das mazelas que nós (os apaixonados por cultura pop) sofremos.

Estou me sentindo vingado! Compreendido! Consolado! E certamente, vou recomendar a leitura pra minha namorada, mãe, amigos e todo mundo que nunca entendeu essa paixonite por filmes, músicas e livros, pra eles verem que eu não tô sozinho.

"O que veio primeiro, a música ou a dor? Eu ouvia a música porque estava infeliz? Ou estava infeliz porque ouvia a musica? (...) As pessoas se preocupam com o fato das crianças brincarem com armas e dos adolescentes assistirem a vídeos violentos; temos medo de que assimilem um certo tipo de culto à violência . Ninguém se preocupa com o fato das crianças ouvirem milhares – literalmente milhares – de canções sobre amores perdidos e rejeição e dor e infelicidade e perda. As pessoas afetivamente mais infelizes que eu conheço são as que mais gostam de música pop; e não sei se foi a música pop que causou tal infelicidade, mas sei que elas vêm ouvindo as canções tristes há mais tempo do que vêm vivendo suas vidas infelizes."

2 comentários:

Alli Flores disse...

Nossa, me senti tão compreendida agora! Sou infeliz e gosto de música! E não queria ser de outro jeito! Você escreve muito bem! Beijossss

Anna Vitória disse...

Esse livro é genial! O meu exemplar é praticamente inteiro grifado, porque ele tem vários trechos que simplesmente não dá pra deixar passar.
Depois dessa releitura, arrisque uma terceira, no original, que é ainda mais bacana, o humor é bem mais afiado. Super compensa!
Beijo!