terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Dos Testes Vocacionais


Hoje tivemos mais uma discussão aqui em casa. Tudo porque, durante o almoço, falei que estava indo ao cinema, assistir Cavalo de Guerra. Minha mãe achou um absurdo e começou a dar um super sermão sobre eu ter que controlar meus vícios, porque ontem eu já tinha ficado acordado até duas e meia da manhã vendo filme francês e que eu tô assistindo, em média, um filme por dia (o que pra ela é o cúmulo da perda de tempo), etc. Olha... Até respirei fundo e pensei se vale a pena mesmo explicar, porque não é possível. 20 anos na cara e até hoje nego não entendeu qual é a minha?

É claro que expliquei, né? Que cinema, pra mim, não é só entretenimento. E é claro que ela continuou sem entender. Porque a geração deles cresceu num mundo que ensinou o seguinte: trabalhar é aquilo que acontece em um escritório, ou numa construção, um numa plantação de cana. Cinema, televisão e internet são espaços de lazer. Não vamos misturar as coisas. Mas o que essa gente não sabe é que as coisas nunca estiveram tão misturadas. E não adianta mais ficar tentando separar.

Nossa geração (digo, o pessoal dos anos oitenta pra cá) não tá mais realizando essa coisa de funcionário público. Trabalhar não precisa ser um porre. Dá, sim, pra trabalhar com o que a gente gosta e, por incrível que pareça, os resultados são até melhores quando isso acontece. E eu quero trabalhar com filmes. BANG! (minha mãe pensando "onde errei?" neste momento). Quero escrever sobre filmes e, pra isso, eu preciso ter uma bagagem mínima. E preciso ver tanta coisa, tanto clássico, tanto filme indispensável, que assistir um por dia seria o ideal. Infelizmente, não é possível manter essa média depois que as férias terminam.

É claro que ir ao cinema ainda é uma das coisas que mais me dá prazer. Não vou ser hipócrita e dizer que só faço por obrigação. Não é isso. Mas o prazer não é tudo. Cinema, pra mim, além de ser a maravilhosa sensação de escolher uma poltrona na sala escura e esperar o começo dos trailers, é também o que eu quero fazer da vida. Não é como se eu quisesse ser prostituto. É?

17 comentários:

Matheus Rufino disse...

*SORRISÃO*

Bárbara Ribeiro disse...

Pirou... Nunca na história do Brasil as pessoas procuraram tanto o funcionarismo público como agora.Tudo bem querer fazer só o que gosta como vc fez a vida toda, sem pensar em mais ninguém. Mas a maioria ainda prefere estabilidade para, aí sim, PODER realmente fazer o que quiser da vida.

Bárbara Ribeiro disse...

Pirou... Nunca na história do Brasil as pessoas procuraram tanto o funcionarismo público como agora.Tudo bem querer fazer só o que gosta como vc fez a vida toda, sem pensar em mais ninguém. Mas a maioria ainda prefere estabilidade para, aí sim, PODER realmente fazer o que quiser da vida.

Maurício Ferreira Leite .. disse...

Bill, seja qual for sua escolha, lembre- se de que você terá que ser "o melhor", e não conseguirá isto sozinho. Portanto, não se esqueça de amar as pessoas pois você precisará delas. Acima de tudo, você não será ninguém sem Deus.

Blueberry Girl disse...

Eu acho que você está certo sim em seguir os seus sonhos e o seu coração. Daqui a alguns anos, se você estiver infeliz trabalhando como funcionario publico dentro de um escritório ou seja lá o q as outras pessoas esperam de vc, não são elas que vão sentir o imenso vazio de uma vida desperdiçada. Vai ser você. Então eu sei que é difícil bater de frente assim com a familia quando ela não te entende. Mas procure simplesmente não polemizar, porque não adianta discutir. Discutir é perda de tempo e não RESOLVE. Só CRIA MAIS CONFLITOS. E vc se sente mal, etc. Então qdo surgir o assunto, vc MUDA DE ASSUNTO, hahaha. Mas sério. Siga o seu coração. Seja feliz. A vida é sua e depois qdo vc estiver infeliz e sem poder voltar no tempo, ninguém vai poder te salvar. ;)

Maurício Ferreira Leite .. disse...

Em tempo: lembre-se dar ouvidos aos conselhos de pessoas que VIVEM o exemplo que te dão. Aconselhar é fácil quando o exemplo é digno e louvável.

Anônimo disse...

Na minha humilde opinião, você deve sim seguir seus sonhos, quisera eu saber o que quero fazer da vida assim com tanta certeza quanto você. Então valorize, esse dom, essa vontade, essa certeza, e corra atras, e quanto a família, você "cozinha em banho-maria", até entenderem aquilo que faz sentido pra você. E na verdade, o mais interessante de tudo, é você chegar no final da história e mostrar pra todo mundo que foi contra a sua decisão, que ela deu certo, que você foi vitorioso. Então faça aquilo que lhe dá prazer ok.
By: Fernanda cardoso

Ps.: As vezes tenho a sensação que você nao lê o que eu escrevo só porque é publicado como anonimo, mas não sei publicar o comentário de outro jeito. Entendimento de blog zero..hahaha

Davi Coelho disse...

Ouça seus pais.

Forte abs.

Heloisa Leite disse...

Vamos por partes: "porque não é possível. 20 anos na cara e até hoje nego não entendeu qual é a minha?" Achei até graça. "nego" nesse caso deve ser eu né? Só queria dizer que EU sou a pessoa que mais sei "qual é a sua" e vejo muitas vezes vc se afastando muito do que realmente quer!"(...)trabalhar é aquilo que acontece em um escritório, ou numa construção, um numa plantação de cana." Não se esqueça que além de fisioterapeuta sou Educadora Física e toda minha vida trabalhei ao ar livre, "brincando", "jogando" e "nadando" com a criançada, e mais na frente, "caminhando", "malhando" e "passeando" no parque com gente muito interessante. Pra mim, o trabalho nunca foi "um porre", mas motivo de alegria e diversão!
"E eu quero trabalhar com filmes. BANG! (minha mãe pensando "onde errei?" neste momento)."
Uma pena, aos 20 anos de idade e vc conhecer tão pouco de mim! Todo trabalho honesto, que sirva pra prover pra você, sua família, e talvez ajudar alguém, que contribua pra sua realização pessoal e que te engrandeça como filho de Deus que é, terá sempre o mau apoio, meu respeito e minha admiração.
Agora, não resisto, mas "e quanto a família, você "cozinha em banho-maria", foi a coisa mais triste que ouvi nos últimos tempos, com as devidas desculpas a autora do comentário!
E... em tempo, Babita... muito legais suas palavras!
Bem, filho, ainda temos todo o tempo do mundo pra tornar nossos sonhos realidade... os seus e os meus! Beijos, te amo!!!!

Heloisa Leite disse...

corrigino...*terá sempre o MEU apoio"

Heloisa Leite disse...

Ai, ai... CORRIGINDO né!!!? Agora sim!

Alan Raspante disse...

Acabo de conhecer o blog e já leio essa maravilha de texto. Ou seja? Muito amor. Começo a fazer Audiovisual esse ano.

Minha mãe claro, já me deu dicas de pontilhões para uma futura moradia.

É a vida.

Unknown disse...

Ouça seus pais,
Converse com Deus e
Siga seu coração.

A decisão sempre será sua.

Isadora disse...

Querido, como "tia" aqui nessa história, vou usar meus poucos - que fique claro! - anos a mais e me permitir de dar um conselho: calma. Às vezes a gente exagera na reação por um simples comentários. Eles têm preocupações absurdas com a gente, e é bom que assim seja. A gente só tem essa cambada de oportunidades que tem por conta disso. Muitas vezes, um "mas tem certeza que é isso que você quer?" que parece que está destruindo todos os nossos sonhos é simplesmente a apreensão de ver alguém que, até ali há pouco, dependia deles pra tudo, voar solo em uma das primeiras vezes e se estabacar no chão.

Vai por mim: quando eles vêem que a gente tá fazendo o que ama, cara, não tem coisa melhor. Porque o reconhecimento é ainda maior, e vem acompanhado de uma coisa incrível: orgulho. Talento pra chegar lá você tem de sobra, eu tenho certeza. E tenho certeza que ela, sua mãe, também sabe disso. Às vezes o medo dá uma freada nas coisas, é verdade, mas dai é a sua função ignorar isso e seguir em frente. Até mesmo POR CAUSA desse suposto freio, mostrar que é possível, é muito possível.

E agora, de estudante fodida de 20 anos pra estudante fodido de 20 anos: não desista, pelo amor de deus. Porque é foda. É complicado, cansa, desestimula, dá vontade de largar tudo. Até o dia que você seu nome embaixo do título, ao lado do olho. Dai você vê que tudo valeu a pena. Demora, demora pra caralho, parece que nunca vai acontecer. Mas acontece. E é lindo.

Enquanto isso, divirta-se. E tenha um blog :)

prisampaio disse...

Só tenho uma coisa a dizer: minha mãe vai TODA semana comigo ao cinema e a gente vê uns 4 a 5 filmes por semanas juntas aqui em casa. Morra de inveja.
Ok, desculpa, não é coisa pra se dizer na primeira vez que se visita o blog de alguém. Mas, amg, você tá certíssimo. E eu acho sim, que cinema tá longe de ser apenas entretenimento.


p.s.: esse blog é MUITO divertido, amg.

p.s.2: não escute o Dave.

Boa noite.

Leandro Ataide disse...

_ legal ir ao cinema, mas minha mulher não gosta vamos talvez duas por ano. Ela acha ruim quando vejo dvds piratas, briga quando pego na locadora porque vou esquecer de devolver, pega no meu pé se fico mais de uma hora na internet. Enfim reclama quando atraso as contas, daí sigo o meu roteiro e trabalho até o pó. Sou diretor e produtor do meu destino e me divirto com a vida e os personagens ao meu redor. Mesmo tendo perdido todos os shows e filmes nos últimos 25 anos me contento com os trailers. Como ator no palco da vida tento ser como Chaplin em Luzes da cidade: as pessoas andam apressadas, no ritmo que a modernidade as impõe em qualquer grande cidade; então aparece Charlie, flanando destacadamente[5]. Ele pára diante de uma vitrine e começa a brincar com um pedaço de madeira no chão usando a bengala. Tenta se livrar da madeira que está presa numa grade de bueiro e, cerca de um minuto depois, uma multidão se forma para observar o insólito: apenas o vagabundo encontra tempo para isso na vida urbana, mas a multidão de Chaplin parece um pouco antiquada. É uma multidão que pára e observa. Depois da primeira dispersão, Charlie reinicia sua luta, mas isso resulta numa discussão com um funcionário da loja, o que outra vez atrai um grande público, até que um policial[6] vem e faz com que Charlie vá embora dali.
Seja Amoroso com seus pais, se for mexer com Arte precisa ler mais e ver menos, fazer mais e falar menos, criar mais e copiar menos, agradecer mais e reclamar menos. Tudo que existe hoje é ctr C e ctr V. Vai a luta! antes de v. virar celebridade o que vai ser mole, "É melhor olhar pra cima"
abração..

Danielly Stefanie disse...

Eu também fui escolher justamente duas profissões nem um pouco estáveis: ser escritora e ilustradora. Meus pais queriam que eu fizesse Direito, mas quis fazer errado mesmo (piadinha infâme). De qualquer forma, a maior parte do tempo ou fico no computador ou desenhando ou escrevendo ou lendo, porque sei que só vou melhorar se encontrar referências.
Queria ser mais crítica em relação a filmes, mas geralmente sou 8 ou 80, ou gosto ou odeio.