sábado, 21 de janeiro de 2012

É tarde! É tarde! É tarde!


100 posts com esse. É uma marca! Devo dizer que fiquei um pouco confuso essa semana, com esse tanto de Luizas e Julias perdidas na vida (geografica e moralmente falando), e com meu dinheiro sumindo da conta numa velocidade recorde, como se eu estivesse aproveitando as férias like a boss (o que nem tô, acreditem). E acho mesmo que engataram uma terceira no mundo. Estupro no BBB? Site do FBI fora do ar? Protestos pelo direito de piratear? Sério? Não tá dando mesmo pra acompanhar. Muito menos pra vir aqui contar, como se fosse a última novidade. Nada mais é novidade.

Descobri dia desses que parei de pensar. Foi uma descoberta meio chocante, visto que Descartes sempre me ensinou o contrário. Mas é isso mesmo. Eu tenho essa sensação permanente de estar perdendo tempo, então tento preencher todas as brechas disponíveis com filmes, séries, livros e podcasts. Aí fico parecendo uma máquina de consumir cultura, andando pela rua. O louco dos livros e dos fones de ouvido. E sempre atrasado. Sempre querendo engolir o mundo e conseguindo, no máximo, uma indigestão. E não sobra tempo pra pensar. Pensar na vida, planejar o futuro, analisar o passado. Nunca mais fiz. Não é à toa que as coisas estão como estão.

Não sei se é mal de jornalista, isso de querer estar sempre por dentro de tudo, mas é visível que não tenho dado conta. E que ninguém dá, na verdade. Nunca tivemos tanta informação disponível. E acompanhar é mesmo impossível. A sensação vai ser sempre a de luta perdida. Acho que os que nasceram dos anos 2000 pra cá sabem lidar melhor com isso. Eles já conheceram o mundo com a internet, então têm menos tendência ao desespero. A gente não. A gente está nitidamente precisando de um rivotril.

E às vezes acontece umas coisas como essa. De ter infinitos assuntos pra tratar no seu centésimo post no blog e não conseguir falar de nenhum, porque, simplesmente, está tudo rápido demais. E eu acabo me sentindo impotente diante de tanta gente com mais talento e discernimento. Fica uma sensação péssima de que foram 100 tentativas frustradas de expressar o que ninguém conseguiu realmente absorver. Porque estava todo mundo com pressa. Eu com pressa pra explicar, vocês com pressa pra entender, e essa comunicação forjada entre uma coisa e outra.

6 comentários:

Manuel disse...

Adorei, Bill. Li outro dia (não lembro onde :) que ninguém mais pensaria da mesma forma depois da internet. E que a concentração passa a ser o bem mais valioso. Quem nasceu depois de 2000 tem no máximo 11 anos, não sei se dá pra dizer como eles vão lidar com isso. Quanto a você, talvez seja um dos motivos porque estudar letras (e não jornalismo) possa lhe fazer bem.

Anna Vitória disse...

http://blogs.estadao.com.br/link/fomo-o-medo-de-ficar-por-fora/

;)

Acho que o negócio é admitir pra si mesmo que não dá pra ver tudo, saber de tudo, ouvir de tudo e falar de tudo. Simplesmente não dá. Só aceitando isso que a gente é capaz de filtrar aquilo que vale a pena, que de fato nos interessa, e aquilo que a maioria está falando a gente acaba sabendo por osmose.
Há uns 3 anos eu fiz uma resolução de ano novo que era ver mais filmes inéditos, e até o ano passado meu objetivo sempre era ver mais filmes que no ano anterior. Só que isso me deixou meio bitolada, porque eu via minha lista de filmes e reparava que mal lembrava de algumas coisas assistidas, vistas mesmo na doença de marcar mais um ítem como já visto no Filmow. Muitas vezes eu tava morrendo de vontade de rever um filme, mas deixava de fazer isso pra assistir algo inédito. Sabe, não é legal. Por isso que minha resolução de 2012 é aproveitar ao máximo as coisas que eu vejo e desencanar de ver mais pra ver melhor. Tente isso, dá um alívio danado.

Amanda Tracera disse...

Gostei muito do post, e do blog inteiro, aliás. E, como centésimo post de um blog cujos assuntos são todos baseados na sua vida pessoal, nada melhor do que um (ou mais um?) post sobre as suas dúvidas, sobre os seus pensamentos, que, na verdade, cedo ou tarde acabam sendo os pensamentos de todo mundo que se sente um pouco perdido. .-. Tá, ficou confuso e meio auto-ajuda. Enfim. Parabéns pelo blog e pelo centésimo post. (:

Anônimo disse...

Imagina isso pra quem nasceu nos anos 50.
Facil não.
Abraço.

Luiz disse...

Anônimo não. Errei aqui. Parabéns pelo texto.
Abraço de novo.

Francielle disse...

Sensacional, seu post 100. Profundo e tocante. Beijos