quinta-feira, 29 de março de 2012

Psico-Dramas dos Anos 90


É uma satisfação e um consolo já poder me referir aos anos 90 dessa forma... Como se eles tivessem passado há muito tempo. Eu meio que sempre tive inveja do pessoal que nasceu nos anos 80 porque eles falavam da década deles como uma época maravilhosa de discos dos Menudos, figurinhas de chiclete e brinquedos incríveis e interativos. Os 90 ainda não eram dignos de nostalgia. Mas agora são. Já somos adultos (pelo menos quem nasceu na primeira metade), estamos na faculdade e podemos olhar pra trás com orgulho e saudade.

E percebi dia desses que quase todos os meus filmes preferidos foram produzidos entre 1990 e 1995. Acho que foi a época em que meu pai mais pirateou filmes da locadora pra nossa coleção particular. Tínhamos umas 200 fitas VHS gravadas em EP com três filmes cada. E foi aí que eu me apaixonei por cinema. Descobri que eu não precisava ficar revendo O Rei Leão incansavelmente. Que podia ver filmes de adulto e que meu próprio pai tinha ótimos exemplares bem ali, na estante da sala. Foi assim que fiquei conhecendo os Batmans do Tim Burton, Os Batutinhas, A Convenção das Bruxas, A Família Buscapé, A Morte Lhe Cai Bem... E algumas coisas um pouco mais pesadas como O Exorcista, Carrie - A Estranha e Assédio Sexual, que eu só via quando ficava sozinho em casa.


Ontem revi O Anjo Malvado com a Esthéfane e foi uma experiência maravilhosa. Tenho um carinho todo particular por esse filme. Acho que me impressionava muito ver um menino da minha idade fumando, atirando em cachorros e tentando matar a própria irmã. E toda criança se sente um pouco malvada, né? Então eu ficava me perguntando se algum dia chegaria no nível Macaulay Culkin de crueldade. Felizmente não fui tão longe. Mas ainda hoje acredito na psicóloga de Mark quando, interrogada sobre a possibilidade de alguém ser mau sem motivo aparente, ela diz: "não acredito em maldade". E realmente... Minha avó sempre defendeu esse raciocínio. De que todo mundo tem toneladas de motivos, sejam eles frutos de um trauma ou de uma doença.


O Anjo Malvado é de 1993 e deve ter causado o maior rebuliço na época por levantar essa hipótese de que seu próprio filho é um psicopata. As mães piraram. Dois anos antes, o mesmo diretor já tinha feito Dormindo com o Inimigo, excelente thriller com Julia Roberts, que também colocava um assassino dentro de casa. Dessa vez ele surge na figura de um marido obsessivo-compulsivo que achava ok espancar a mulher por ela ter deixado a toalha torta no banheiro.

Acho que até então nenhuma época do cinema soube abordar tão bem esses transtornos psicológicos e colocar o bandido tão perto de nós. Podemos dizer até que foi uma ótima introdução pros anos 90. A década responsável por toda essa geração que hoje economiza a mesada pra pagar o analista.

2 comentários:

Thiago Paulo disse...

Saudades dos anos 90 e desses filmes. Também tinha muitas fitas vhs com vários filmes gravados nelas, e o Anjo Malvado e Dormindo com o Inimigo estavam nelas com certeza.

O bom de rever filmes que marcaram nossa infância e que acabam surgindo outras lembranças junto. E isso é demais!

Abraço!

Amanda Tracera disse...

Sou de 97, e "O Anjo Malvado" foi o primeiro filme que descobri gravado no final da VHS que tem algumas cenas minhas de quando era pequenina. Vi pouco, cenas do final, mas minha mãe fez questão de me explicar a história inteira e deixar claro o quão bom é o filme. Acho que gosto dele mesmo sem nunca tê-lo visto por completo.