Desculpa por não ter conseguido acompanhar o circuito muito bem, mas estive sem dinheiro e sem paciência para transporte público, fila de ingresso, gente conversando do meu lado, gente no smartphone... então quase não vi os filmes do ano. Preferi fazer uma maratona dos clássicos Disney, depois uma de Harry Potter, Senhor dos Anéis, Batman... Ou seja, posso estar sendo injusto com alguns títulos que ainda não consegui ver, como, por exemplo, Star Wars, mas não tem problema. Melhor uma lista singela que um ano mal terminado.
10. Cobain: Montage of Heck, de Brett Morgen
Parece que foi o ano dos documentários. E eu, que nunca fui do rock, me peguei inteiramente envolvido com a vida desse cara. Graças a uma montagem perfeita e ao conteúdo extremamente pessoal que compõe o filme, a sensação que a gente tem é de estar diante do que resta de mais íntimo do artista.
9. Casa Grande, de Fellipe Barbosa
Beleza de reflexão sobre os sistemas de escravidão, favor e troca, ainda vigentes no Brasil. As atuações sofrem daquele probleminha do amadorismo, mas nada que a fotografia linda ou a edição elegante não disfarcem. É o único filme nacional da lista, mas isso não é culpa minha.
8. Foxcatcher, de Bennett Miller
Precisamos falar sobre um cara e o nome dele é Steve Carrel. Fantástico o vilão que este homem nos entrega aqui. Eu fiquei de boca aberta boa parte do filme. Carrel está assustador, transformado, com trejeitos que inspiram ao mesmo tempo asco e vergonha.
7. A Very Murray Christmas, de Sofia Coppola
Pode me chamar de fã boy, mas não consegui ver um defeito sequer neste especial de natal dirigido pela Sofia Coppola pro Netflix. Tem Bill Murray cantando, (Miley Cyrus cantando), George Clooney cantando (!). Tem todo mundo cantando. E aquela melancolia característica de um cara bem sucedido profissionalmente, mas com o emocional em pedaços, que a diretora já tinha explorado tão bem em Encontros e Desencontros e Um Lugar Qualquer.
6. O Fim da Turnê, de James Ponsoldt
Ainda não terminei de ler Graça Infinita (dizem que a leitura também é infinita), mas esse filme passado em pouquíssimos dias, durante uma turnê de divulgação da obra, consegue transmitir boa parte da atmosfera do romance. A história é sobre um repórter da Rolling Stone que fica fascinado com o livro (todo mundo que lê, fica) e precisa esboçar um perfil do excêntrico escritor norte-americano. David Foster Wallace, que ficou famoso pelo tom depressivo-neurótico de seus textos e se matou antes dos cinquenta, conseguiu, neste filme, se tornar tão interessante quanto sua própria obra.
5. Ida, de Lukasz Zal e Pawel Pawlikowski
O filme mais lindo do ano (e isso no ano em que tivemos Mad Max). Ida tem um enquadramento absolutamente original, que faz a gente enxergar a história de uma perspectiva poucas vezes experimentada no cinema. A fotografia em preto e branco só deixa tudo mais bonito: as expressões da atriz, a textura da roupa, os fios de cabelo...
4. Whiplash, de Damien Chazelle
Além de um trabalho absurdo de edição de som e imagem (o filme começa com bateria e termina com bateria), Whiplash traz a dupla de protagonistas mais entregues do ano (pau a pau com a dupla de O Fim da Turnê). O filme é um duelo; e dos bons.
3. Divertida Mente, de Pete Docter
Disseram que era a volta da Pixar e era mesmo. Divertida Mente constrói aqueles universos imensos e completamente originais, que são a especialidade do estúdio, sem descuidar do visual (as cores são tão lindas que dá vontade de por na boca) ou da historinha. Falar sobre tristeza para crianças já é uma coisa difícil, imagina fazer isso de modo colorido, envolvente e criativo?
2. Amy, de Asif Kapadia
Chorei, não procurei esconder... Todos viram, fingiram... Pena de mim, não precisava! Ali onde eu chorei qualquer um chorava...
1. Mad Max: Estrada da Fúria, por George Miller
Acontece muito raramente, mas às vezes o cinemão acerta em cheio. Tem a ver com uma série de coisas que, no conjunto da obra, tornam o filme um clássico instantâneo. Nesse caso, podemos culpar a Furiosa, a fotografia estonteante ou os efeitos especiais que, de tão orgânicos, precisaram de todo um Cirque Du Soleil pra serem feitos.
PS: Dessa vez não vou prometer que em 2016 atualizarei o blog mais vezes, porque todo ano prometo e o número de posts só cai. Só vou desejar um feliz ano novo mesmo.