Chegou no barracão soltando fumaça.
— Quem ela pensa que é? "Isso aqui tá imundo!" Imunda tá cara dela, que eu passei a tarde inteira limpando aqueles vidros...
— Calma, mãe. — pediu a filha mais velha, levantando do sofá.
— Isso não é justo! — ela começava a tirar a roupa, indignada — Trabalhar em casa de família só dá nisso mesmo... É uma humilhação atrás da outra.
Tomou banho, ligou a TV de 17 polegadas no jornal e foi preparar o jantar dos filhos. Mas continuava nervosa, com uma centena de desaforos intalados na garganta.
— Ela se acha muito chique, comendo naquelas louças importadas dela... Mas a comida que eu faço lá, eu faço do mesmo jeitinho aqui em casa. Vocês, pobres do jeito que são, têm a mesma cozinheira que ela.
O filho do meio pegou um prato e foi se servir no fogão.
— A única diferença é que os ingredientes de lá são melhores, né mãe?
— Não. A única diferença é que na comida dela... Eu cuspo!
PS: Conto escrito por mim em março do ano passado e publicado no falecido Frenesi.
4 comentários:
Em homenagem à mesma cozinheira que volta amanhã?rs.
Me lembrou o Mattos(professor de história) falando q é bom tratar bem quem faz a sua comida... ahahahahah
AWESOME!Ri muito no final, sério...
hahaha, só um detalhe, nunca vi tv de 17 polegadas, achei que esse tamanho incomum deixou o conto mais original, rs.
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