quarta-feira, 20 de abril de 2011

19 Anos e Mais Nada

Ontem foi confirmada a transferência do meu pai pra Campinas e agora ninguém sabe o que fazer. Porque nossa família nunca se separou. Meus dois irmãos mais velhos, apesar de casados, moram aqui no DF (um em cada extremo, é verdade, mas ainda aqui) e todo mundo já tem sua vida estabelecida, seus empregos, suas casas, etc. Eu sou o filho que não tem nada. Tenho um cachorro e uma namorada, mas, fora isso, nada me impede de mudar de cidade, estado, país ou planeta.  O único problema seria ganhar bem menos com as aulas particulares de redação e literatura, porque a hora-aula que se paga aqui (principalmente a hora-aula que os alunos do Galois pagam aqui) não existe em nenhum outro lugar. Em outros tempos eu adoraria a ideia, mas hoje tenho medo de ficar sozinho. Mais uma vez.

Demorei a reconhecer que sou extremamente dependente da minha família. Uma dependência emocional mesmo. Porque, no fundo, eu não tenho mais nada. Nunca fui de amizades profundas, de entrega completa e sinceridade desmedida. Até porque, sempre tive muito mais amiga que amigo (descobri cedo que nós, meninos, somos muito desinteressantes e abobalhados) e amizade entre homem e mulher, quando não tem segundas intenções, está fadada à superficialidade. Sobrou minha família, onde sempre depositei essa enorme bagagem de medo e insegurança.

Tenho a sorte de ser o caçula e poder contar com dois irmãos razoavelmente estabelecidos, mas não acho que aguentaria passar 4 anos numa casa que não é minha. Por mais à vontade que eu me sinta, não seria confortável pra nenhum dos lados. E nessas horas bate um desespero, porque eu vejo que não tenho muitas outras opções. Não construí nada onde eu possa me agarrar. Não tenho faculdade, salário fixo ou um teto pra fugir do sereno. E o mundo tá aí, querendo me engolir. E eu aqui, com medo de encarar.

E eu aqui, preso num tempo entre 1991 e a puberdade.

8 comentários:

Isabela Cacique disse...

Hoje eu e a Anna estávamos conversando sobre isso, de morar longe da família. Acho que eu não conseguiria, sou muito apegada. Eu que já mudei de cidade e fui pra longe da minha avó, muitos e muitos tios e primos, já sinto mó falta. Mesmo eu tendo mudado nova e nem convivi tanto com eles.. Mas nossa, imagina ficar longe dos meus pais e dos meus irmãos aqui... Sóóó quando eu terminar a faculdade e olhe lá. Mas tem é que por na balança e ver o que é melhor pra gente, né.

Ah, nem sei o que eu pensaria nessa situação.. :/

Isabela Cacique disse...

ps: saudade do tempo que a nossa única preocupação era se tinha dinheiro pra comprar lanche no recreio.

Isadora disse...

"Demorei a reconhecer que sou extremamente dependente da minha família. Uma dependência emocional mesmo. Porque, no fundo, eu não tenho mais nada. Nunca fui de amizades profundas, de entrega completa e sinceridade desmedida."

Denúncia: plágio. Roubou de mim, descaradamente! Vou xingar muito no tuínter! :P

É, amigo... Por mais independente que a gente queira ser, acho que quando mais tentamos, mais percebemos o quanto é difícil ser sozinho. Sair e voltar pra casa sem conversar, de verdade, com ninguém é uma desgraça. Aproveite enquanto sua família está aí, de verdade.

Ana Luísa disse...

Eu vivi algo bem parecido. Estava no fim do terceiro ano, no final de 2009, quando meus pais simplesmente me avisaram que íamos nos mudar para Curitiba. Esperneei, chorei, fiquei sem comer (quanta inteligência) mas sabia que não estava pronta pra segurar a barra de morar longe da minha família. E olha que eu tenho muitos amigos lá, e preciso discordar do que você falou sobre amizade homem/mulher. É claro que com um deles acabou rolando mais que amizade, mas tenho vários amigos meninos e não tem nada de superficial, humpff.
E amei a foto, que coisa mais fofa!
Beijos!

Elis Agostini disse...

Nossa Gabriel, concordo totalmente, nao suportaria ficar nem 1 ano sem a minha familia perto, mais enfim adorei seu blog e parabéns ((:
Beeijos,
http://sweets-liis.blogspot.com/

Francielle disse...

Gabriel, família é realmente a melhor coisa que há na vida. Pode parecer piegas, mas não encontro definição melhor, pois eu moro longe tb e td q eu faço de certo ou errado estou sozinha sem vaias ou aplausos, apoio ou recriminação dos atos pois as atitudes precisam ser tomadas de imediato. Não dá, infelizmente pra correr até o colo da mãe e do pai e perguntar o que eles acham disso ou daquilo, o negócio é dar as boas vindas ao mundo adulto e tentar aplicar os exemplos que a família te ensinou.

Luciana Pacheco disse...

quantos partos temos ao longo da vida?

Matheus Rufino disse...

É engraçado isso, você teve esse fato, que talvez fez você percerber, ou sentir melhor essa dependência. Comigo não sei bem como aconteceu, pois ninguém foi pra longe [apesar de ter tido um óbito], acho que percebi foi com o tempo mesmo, e quando comecei a cogitar realmente a possibilidade de sair de casa, de mudar de cidade. Porque, assim, sempre tive essa necessidade de sair de casa, sempre achei que seria mais feliz sozinho e longe da minha família, de preferência, mas acho que quando realmente cogitei essa possibilidade, percebi como sou dependente, e como você falou, emocionalmente, mas sou um dependente péssimo, sou individualista, egoísta, fechado, péssimo em me comprometer. não sei depender de uma forma sadia, nunca soube. Então fico nessa eterna luta de tentar cortar o cordão umbilical sem estar realmente preparado pra isso. talvez preciso regredir.