segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Toc Toc Toc


Deixe-Me Entrar foi lançado no começo do ano, mas só ontem eu consegui assistir, enquanto comia pãezinhos com patê e criava raízes no sofá da casa do meu irmão. O filme é o remake de uma produção sueca de 2008 e conta uma história de vampiro, mas sem a cafonice habitual. Pensando bem, é talvez a história de vampiro mais bonita que já ouvi. Tem esse menino de 12 anos, Owen, extremamente triste e solitário, que sofre bullying na escola e vive ensaiando seu grande momento, quando enfim vestiria a máscara de plástico, empunharia uma faca de cozinha e poderia amedrontar seus agressores com as mesmas palavras com que era amedrontado: "Está com medo, garotinha?".

Então quando surge essa nova vizinha, Abby, da mesma idade que Owen, com os cabelos loiros e os pés descalços, é mais que natural uma paixonite aparecer. Era a primeira vez que ele tinha a atenção, o carinho e o afeto de alguém. E o fato dela se alimentar de sangue humano parece irrelevante diante da cumplicidade imediata que nasce entre os dois.


O filme tem cenas realmente assustadoras, com direito a jugulares rasgadas e corpos pegando fogo, mas seu maior trunfo está nos momentos de introspecção e silêncio. Chloë Grace Moretz (que arrebentou em Kick-Ass) e Kodi Smit-McPhee (de A Estrada) atuam como gente grande e a direção de Matt Reeves reforça a ligação entre eles. A trilha sonora é cuidadosamente posicianada pra nos transtornar ou nos deixar melancólicos. E tudo parece tão verdadeiro que, às vezes, esquecemos que é um filme de vampiro.

E não se engane, Deixe-Me Entrar não tem nada de infantil. É um longa carregado de significados e leva o gênero ao seu mais alto grau. A vampira, no caso, suga não só o sangue, mas a vida daqueles que a rodeiam.

6 comentários:

K.P. disse...

Eu só assisti ao original e fiquei realmente chocada como filme. O que me fez adorá-lo. Nunca tive coragem de assistir ao remake, temendo que fosse tirar a excelente impressão que tive do anterior...

Anna Vitória disse...

Tô com receio desse filme, vi o trailer e achei meio over e também o original é SENSACIONAL. Assim, em caixa alta. Muito apego e medo de destruírem uma história tão linda.
Aí essa semana eu vi Kick Ass e achei a Hit Girl foda e resolvi dar uma chance pro remake, mas aind anão tive tempo. Seu post aumentou minha boa vontade. Vamos acompanhar.
Assista o original, faça esse favor a você mesmo. ;)

Minne disse...

Eu era realmente louca pra ver esse filme até que uma pessoa que também partilhava desse sentimento e que, por acaso, mora comigo, comprou o filme, o assitiu e jogou um comentário mais ou menos "é legal" pra mim, essas duas palavrinhas me deixaram totalmente desanimadas e o filme caiu totalmente de lugar na lista dos que eu preciso ver, mas eu gostei mesmo dessa tua resenha e tô reconsiderando os fatos. Me disseram que a versão original é ótima e digna de ser assistida, mas como a minha internet não é tão legal assim comigo e com a minha vontade para baixar filmes, e as pessoas que vendem filmes nunca tem os que eu quero (preciso) assistir, creio que vou ficar na vontade. :(

Minne disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
E. disse...

Não assisti a versão americana, por puro preconceito mesmo. Vi o trailer, não me pareceu muito interessante, e algumas cenas eram meio digeridas, aquela coisa "a gente vai facilitar aqui pra você entender a estória e não se perder, ok?".
Mas te aconselho a assistir a versão original - eu não poderia dizer que é melhor, por que não tenho muitos parâmetros para comparar, mas que é muito boa, e entrou pra lista dos meus filmes favoritos.

Matheus Rufino disse...

Aparentemente tu não viu o original, né? Eu vi e amei demais, aí veio esse remake porque aparentemente os americanos não conseguem ver filmes bons em uma língua diferente da deles. Claro que fiquei receoso, aí vieram vários elogios e tals, e tem o Richard Jenkins... então fiquei com mais boa vontade para com o filme, mas não sei, acho que por ter visto o original não sinti uma urgência de ver esse, aí até hoje não fui atrás, deixei sair de cartaz quando tava no cinema, etc... mas acho que um dia o vejo [se o dvd cair no meu colo de paraquedas].