Talvez essa seja a pior seleção da história do Oscar. Eu, particularmente, não lembro de um ano com a mesma quantidade de filme medíocre. Tanto que só hoje à tarde consegui terminar de ver os indicados à categoria principal. E como já é tradicional por aqui (um blog inteiro baseado em tradição, percebam), publico agora meu ranking pessoal dos filmes do
Oscar 2013.
É uma história boboca de recuperação e vitória. Mas é uma história boboca de recuperação e vitória com roteiro bem feito, trilha sonora cativante e excelentes atuações de Bradley Cooper, Robert De Niro e Jennifer Lawrence (favorita ao Oscar de melhor atriz). É o Pequena Miss Sunshine do ano. O filme descolado e sapeca que todos tentam amar (e, nesse caso, não conseguem).
Acho que a Kathryn Bigelow pesou a mão dessa vez. A Hora Mais Escura é um filme arrastado que, salvo uma ou outra cena, desperdiça grandes oportunidades de criar tensão e desenvolver o personagem principal. Não gosto de filme que se nega a entregar pro público momentos de catarse e não oferece nada pra suprir essa falta.
O que Quvenzhané Wallis, de seis anos de idade, faz aqui é monstruoso. Ela carrega o filme nas costas, consegue emocionar e trazer a plateia pra ela. Infelizmente, o roteiro do filme não corresponde ao talento de Wallis, e se contenta em repetir a fórmula de outros tantos exemplos do cinema independente norte-americano.
Lincoln tem seus problemas (é excessivamente didático, exalta uma figura já exaltada à exaustão e cai no melodrama), mas também traz um Daniel Day-Lewis e uma Sally Field afiadíssimos e em perfeita harmonia (a cena do diálogo mais caloroso dos dois é uma aula de atuação). É o favorito a melhor ator (uma das poucas certezas da noite), melhor ator coadjuvante (Tommy Lee Jones e sua peruca danadíssima) e melhor diretor (Spielberg, graças à ausência de Ben Affleck entre os indicados).
O favorito do ano é um filme pequeno, se comparado à megalomania de outros concorrentes como Lincoln e Os Miseráveis, mas consegue coordenar seus elementos técnicos e cênicos de forma tão eficiente que acaba criando a cena mais tensa do ano. Ben Affleck ficou de fora do prêmio de melhor diretor, mas isso não deve impedir Argo de levar na categoria principal, além de melhor roteiro adaptado e melhor montagem.
As quase três horas de cantoria de Os Miseráveis provocaram reações extremas tanto na crítica quanto no público. Comecei a ver o filme achando tudo cansativo, mas sou presa fácil pra musicais e não demorou muito até que eu começasse a chorar no cinema, enquanto balançava pra lá e pra cá no ritmo da música. Deve ganhar melhor atriz coadjuvante (Anne Hathaway emagreceu, raspou a cabeça, cantou e chorou ao vivo com esse propósito) e mixagem de som.
É um dos filmes mais divertidos do Tarantino. Tem todos os elementos cultuados pelos fãs do diretor (e eu faço questão de me incluir na categoria), tem Leonardo DiCaprio num papel sensacional (achei uma barbaridade ele não ter sido indicado esse ano), Christopher Waltz repetindo o sucesso de Bastardos Inglórios (só que agora do lado bom) e um final épico, cheio de tiro e sangue. Infelizmente, só tem chances de ganhar melhor roteiro original.
O filme de Michael Haneke é dessas porradas dadas com carinho. Conta a história de um casal e sua relação com a proximidade da morte e traz Emmanuelle Riva com uma interpretação absurda, que faz todo mundo ficar com o coração na mão. É cruel até não poder mais e, justamente por isso, honra completamente seu título. Favorito incontestável a melhor filme em língua estrangeira.
As Aventuras de Pi consegue falar de fé, família e morte sem parecer um filme religioso, familiar ou mórbido. Em vez disso, promove o encantamento, enche nossos olhos e nos convida a embarcar com Pi e Richard Parker numa aventura deliciosa. Não tem muitas chances nas categorias principais (embora Ang Lee ainda esteja cotado para diretor), mas é o favorito em trilha sonora original, efeitos visuais e edição de som.
PS1: Todas as imagens usadas neste post foram editadas pelo
Chico Fireman e roubadas descaradamente por mim.
PS2: Amanhã (hoje?) eu estarei comentando o Oscar pelo Twitter e, obviamente, dando RT nas melhores piadas da noite. A gente começa com o tapete vermelho, umas 21h.
Vem!